Política

Em Dubai, Bolsonaro mente ao dizer que Amazônia não pega fogo; veja dados e entenda a verdade

Somente em agosto passado, Amazônia teve 28 mil focos de queimadas no último mês de agosto

Gabriel dos Santos
Gabriel dos Santos
Publicado em 15/11/2021 às 8:54 | Atualizado em 23/04/2022 às 10:28
Divulgação/Presidência da República
FOTO: Divulgação/Presidência da República

Em viagem a Dubai, nos Emirados Árabes, o presidente Jair Bolsonaro voltou a mentir para a comunidade internacional sobre a crise ambiental enfrentada pelos brasileiros. A investidores, o chefe do executivo disse que "por ser uma floresta úmida, não pega fogo", o que é uma completa mentira. A Amazônia, segundo ambientalistas, não é mais uma floresta completamente úmida. Além disso, como tem sido noticiado, os dados de queimadas na região seguem em alta. Em setembro passado, em discurso na ONU, Bolsonaro já havia mentido ao dizer havia registrado redução no desmatamento da Amazônia.

A declaração a seguir foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro, mas contém informações falsas: "Nós queremos que os senhores conheçam o Brasil de fato. Uma viagem e um passeio pela Amazônia é algo fantástico, até para que os senhores vejam que a nossa Amazônia, por ser uma floresta úmida, não pega fogo. Que os senhores vejam realmente o que ela tem. Com toda certeza, uma viagem inesquecível", disse Bolsonaro na abertura do evento "Invest in Brasil Forum", em Dubai.

Veja a verdade:

Ouvido pelo G1, o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos, explicou que: “Afirmar que a floresta é úmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um fato. Ela é úmida em áreas como no interior do Rio Solimões ou no Alto do Rio Negro, onde não tem muitas estradas, mas mesmo lá o fogo já tem entrado, por conta do desmatamento. Quando se fragmenta a floresta em blocos, vem o efeito de borda. Quanto mais bordas tiver, mais seca fica, e facilita a entrada do fogo”, esclareceu.

Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, concorda com o ambientalista. "O desmatamento, a exploração da madeira e outras atividades humanas mudam a condição da floresta úmida como barreira ao fogo”, afirma.

Queimadas

Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) são claros ao apontas os focos de incêndio na Amazônia. Em julho, houve registro de 5 mil. Em agosto passado, mais de 28 mil pontos de queimadas. Entre agosto de 2019 e setembro de 2020, foram 150 mil focos.