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Surto de gripe: H3N2 tem lotado hospitais no país; Quais os sintomas da nova cepa? Pode tomar a vacina da gripe estando gripado?

Estados registram aumento de casos da nova cepa da gripe, H3N2. O H3N2 tem lotado hospitais de diversas partes do país

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 16/12/2021 às 11:38 | Atualizado em 21/12/2021 às 20:10
TED ALJIBE/AFP
A gripe possui vacina, disponível no serviço público - FOTO: TED ALJIBE/AFP

Os casos da cepa H3N2 da influenza estão aumentando significativamente em diversos estados do Brasil. Os casos de síndrome gripal estão se espalhando em diversos estados, e abrangem também outros tipos de gripe, além da nova cepa, como a influenza A (H1N1) e a influenza B.

Confira o que se sabe sobre a doença

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Estados já afetados pelo surto de gripe H3N2

Em estados como São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro e Pará, os casos têm crescido muito.

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Em São Paulo, na primeira quinzena de dezembro, foram feitos mais de 90 mil atendimentos de pacientes com sintomas gripais, só na rede municipal. A prefeitura de São Paulo anunciou que irá disponibilizar testes para a rede pública de saúde.

No Rio de Janeiro, os números são de epidemia. Em Manaus, filas enormes nas unidades de saúde e em todo o Amazonas os casos dispararam, foram de 62, em novembro, para 295, até 9 de dezembro. Há um surto também em Belém, no Pará, onde hospitais e postos estão lotados.

Nova cepa da gripe, H3N2

O vírus da vez é o da influenza e a cepa a H3N2. Ainda não se sabe se ela é mais letal do que outras. A diferença é a época em que o vírus está contaminando tanta gente. Em geral, é no outono e inverno, mas uma conjunção de motivos dá a pista do porquê temos tantos casos agora no fim do ano.

Paulo Salvida, médico do hospital das clínicas, explica: "Como a gente está com um verão e uma primavera tão maluca, que tem frio, tem calor, que ele resolveu antecipar a vinda dele. Tem um outro problema que está atrapalhando. A contingência de pessoas que está comendo mal, com fome, aumentou muito. E se tem uma coisa que diminui imunidade, principalmente de criança é a desnutrição".

Uso de máscaras e isolamento social

Nesta época de confraternizações, os médicos alertam: "Se nós mantivermos o uso de máscaras, mantivermos o afastamento social, não tenho dúvida que você dificulta a transmissão do vírus influenza".

Vacina contra a gripe

Outro fator determinante é a baixa cobertura vacinal. Na capital paulista, por exemplo, menos de 75% do público alvo, principalmente crianças e idosos, se vacinaram contra a gripe neste ano. Mas ainda dá tempo, segundo o médico Antônio Carlos Madeira. "Então mesmo quando você não tem uma vacina específica praquele vírus, você tem uma vacina muito parecida com a ideal praquele vírus. O que faz com que, pelo menos, você tenha uma gravidade menor dos casos", afirma.

Pode tomar a vacina da gripe estando gripado?

A vacina da gripe não é indicada para quem tiver sintomas moderados ou graves da doença. 

“Na verdade, pedimos a qualquer pessoa com sintomas moderados ou graves de uma possível infecção para esperar um tempinho antes de receber a vacina da gripe ou qualquer outra”, afirma o pediatra Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).

Ou seja, febre alta, desarranjos intestinais intensos, dores musculares e por aí vai são sinais de que você deve adiar por uns dias a vacinação.

Agora, essa indicação não tem a ver com a segurança ou eficácia do imunizante contra a gripe. O problema é que, ao aplicar a dose em alguém doente, fica complicado para o médico saber se uma eventual evolução do quadro tem a ver com a vacina ou com um agravamento da infecção.

Ora, a vacinação desencadeia, em alguns poucos casos, febre baixa e dores no local da aplicação. Em um indivíduo já gripado (ou com outra infecção), esses sintomas podem ser confundidos com um retorno da doença. Aí o profissional de saúde não sabe se deve entrar com um tratamento específico ou apenas esperar os sinais passarem.

Quais os sintomas da gripe H3N2?

Muitas pessoas que pegaram gripe recentemente relataram sintomas intensos, como febre alta e um quadro de extrema indisposição.

Entre os sintomas da gripe estão febre alta (39ºC ou mais); falta de apetite; indisposição geral; tosse, inflamação na garganta, mialgia (dor no corpo) intensa; e, em alguns casos, diarreia e vômitos.

Independentemente do tipo de cepa, esses são sintomas característicos da infecção pelo influenza, principalmente em quem não se vacinou.

Sintomas comuns de Covid, tais como alterações no olfato e paladar, característicos da doença, não se manifestam obrigatoriamente na síndrome gripal.

Aumentam casos de síndrome gripal em São Paulo

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo identificou um aumento significativo do número de pessoas com síndrome gripal na cidade. Foram 91,8 mil atendimentos nos primeiros 15 dias de dezembro, enquanto, em todo o mês de novembro, foram 111,9 mil casos. Entre as pessoas que procuraram os serviços municipais de saúde em dezembro, quase a metade (45,3 mil) teve o caso classificado como suspeita de covid-19.

Neste ano, dos 119,8 mil casos identificados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), 205 (0,2%) do total, foram confirmados como causados pelo vírus influenza. Entre estes 20, o que representa 9,8% do total, foram identificados como influenza A (H1N1), quatro (3,8%) como influenza A (H3), 134 (34,3%) como influenza A não subtipado e 47 (19,9%) e 47 (19,9%) como influenza B.

Monitoramento

A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo informou que está coletando amostras das pessoas que procuram os centros de saúde com SRAG, tanto dos internados em unidades de terapia intensiva, quanto dos que procuram hospitais gerais e unidades de atendimento ambulatorial.

O trabalho abrange a rede pública e provada de saúde. As amostras são encaminhadas para o do Instituto Adolfo Lutz, responsável pela identificação do vírus causador da doença e do subtipo, em caso de influenza.

Gripe no Rio de Janeiro

Um boletim divulgado na semana passada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou para a presença do vírus influenza A nos casos de SRAG da população adulta e entre crianças no estado do Rio de Janeiro. Segundo o Infogripe, boletim da Fiocruz, havia risco de importação do vírus para outros grandes centros urbanos e destinos turísticos.

 

Com informações do SBT News, Agência Brasil e Veja