ÔMICRON

Covid-19: médico Miguel Nicolelis diz que Brasil pode ter 2 milhões de casos diários e pede estádios sem público

O mundo registrou novo recorde de casos de covid-19 confirmados em 24 horas com 3,6 milhões de infectados

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 13/01/2022 às 18:00 | Atualizado em 13/01/2022 às 18:11
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Reprodução/ Rádio Jornal
Neurocientista Miguel Nicolelis conversou com a Rádio Jornal, nesta quinta-feira (13 - FOTO: Reprodução/ Rádio Jornal

O mundo registrou 3,6 milhões de casos de covid-19 em 1 dia e bateu novo recorde. A aceleração dessa nova onda da pandemia é causada pela variante Ômicron.

Na tentativa de frear o avanço da doença, estados brasileiros, incluindo Pernambuco, têm adotado novas restrições. No entanto, para o neurocientista Miguel Nicolelis, as ações não são eficazes. 

“Com a explosão dessa variante nós devíamos estar cancelando aglomerações, tirando público de shows, de jogos de futebol, cancelando todo tipo de festa de carnaval. Nós estamos diante de uma variante que, em 24 horas, conseguiu infectar 3,6 milhões de pessoas, e esse é um número subnotificado (...) Nós podemos estar falando de algo em torno de 10 milhões de pessoas infectadas em 24 horas no mundo”, alertou o especialista, acrescentando que reduções no número de público em shows são inócuas.  

Veja a entrevista completa: 

Brasil com alto número de casos, mesmo com apagão de dados 

Mesmo com o apagão de dados nos sistemas do Ministério da Saúde, o Brasil está entre os dez países com mais infectados nas últimas 24h. Especialistas apontam que ainda não chegamos ao pico dessa nova onda, que é provocada pela variante Ômicron.

Miguel Nicolelis se preocupa com a falta de preparo do país diante dos alertas que foram feitos pela comunidade científica. 

“Apesar de todos os alertas que foram feitos, desde julho e agosto do ano passado, que nós poderíamos passar por uma terceira onda, a gente não se preparou e aproveitou esse interlúdio, e agora nós estamos com a perspectiva de ter um colapso hospitalar novamente por todo o país”, disse. 

Ele acrescenta que o Brasil não está preparado para uma terceira e já sente os impactos agora do aumento de casos.

"Nós já podemos estar tendo quase meio milhão de casos por dia. Devido ao apagão do Ministério da Saúde, que foi mais agudo no último mês, mas que vem desde meados de setembro do ano passado, nós, de acordo com a Universidade de Washington (EUA), devemos estar entre 430 mil a 650 mil casos diários neste momento, e vai crescer muito de acordo com a previsão deles”, alertou. 

Previsão de 2 milhões de casos diários em março 

Ainda de acordo com dados apresentados pelo especialista, dados da Universidade de Washington prevêm que o Brasil registre 2 milhões de casos de covid-19 por dia em março. 

"Se nada for feito, se as medidas de isolamento social não aumentarem, se a vacinação não aumentar dramaticamente, se nós não aumentarmos o uso de máscara, nós podemos atingir, no final de março, 2 milhões de casos diários, o que seria um absurdo e uma tragédia sem par, muito pior do que já vivemos", afirmou o médico Miguel Nicolelis.

Segundo o especialista, apesar de o número de mortes não ter sofrido um aumento significativo por conta da variante Ômicron, os países que já estão com circulação da cepa há mais tempo do que o Brasil começam a observa alta de óbitos. 

"Eu alerto a vocês que a curva de óbitos em outros países que já estão convivendo com a Ômicron há várias semanas começou a aumentar (...) Demora um pouco mais, o aumento é mais lento graças ao efeito da vacinação, mas temos muita gente não vacinada, que são as pessoas hospitalizadas em maior número, que estão tendo casos mais grave e falecendo", concluiu.

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