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CASO DO VASO SANITÁRIO: Após 8 anos, Santa Cruz e CBF terão que pagar indenização milionária a parentes de torcedor morto

A Justiça do Estado de Pernambuco determinou que o Santa Cruz e a CBF pagassem indenização milionária para a família do torcedor do Sport atingido por um vaso sanitário em 2014.

JAMILDO MELO Lorena Lins
JAMILDO MELO
Lorena Lins
Publicado em 31/08/2022 às 15:16
CHARLES JOHNSON/JC IMAGEM
O estádio do Arruda é a casa do Santa Cruz - FOTO: CHARLES JOHNSON/JC IMAGEM

Após oito anos, a Justiça do Estado de Pernambuco determinou que o time do Santa Cruz e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) pagassem uma indenização milionária para a família do torcedor do Sport Paulo Ricardo Gomes da Silva.

O crime ocorreu em 2014, quando o torcedor foi alvejado com um vaso sanitário no Arruda, depois de assistir um jogo do Paraná e Santa Cruz.

O caso chocou Pernambuco e o Brasil, em 2014. 

Foto: Guga Matos/JC Imagem
Paulo Ricardo Gomes da Silva morreu atingido por um vaso sanitário arremessado de dentro do estádio - Foto: Guga Matos/JC Imagem

O valor ficou em R$ 1,2 milhão, além de uma pensão, será paga a Joelma Valdevino da Silva e José Paulo Gomes da Silva, pais da vítima. A indenização inicialmente era de R$ 500 mil. A família pediu cerca de R$ 4 milhões. 

O caso foi relatado pelo desembargador Fernando Martins, no TJPE.

A primeira sentença havia sido dada ainda em 2016. A segunda instância, somente neste ano.

"Considero que a pena foi leve, considerando o poderio econômico da entidade futebolística. Em onze anos, morreram mais de 157 pessoas nos estádios brasileiros de futebol e trata-se tudo como normal. Em 2014, a CBF faturava R$ 450 milhões. Dez anos depois, já era R$ 900 milhões. Um diretor da CBF tem salário de R$ 2 milhões por ano", comenta o advogado Nicolas Coelho, ao Blog de Jamildo.

Briga pode continuar

A CBF e o Santa Cruz, caso não desejem encerrar o caso, podem questionar a decisão e entrar com embargos, no STJ.

No processo, a entidade defendeu que a culpa era do torcedor que morreu. Ele estava no local errado, na hora errada. O advogado Nicolas Coelho conta que jamais a família foi procurada pela entidade.

O suspeito que jogou o vaso sanitário do alto das arquibancadas do Santa Cruz foi preso. Houve uma briga de torcidas na saída do estádio.

No processo, ele explicou que "achou que o jovem morto era uma outra pessoa que teria dado uma surra nele".

"A CBF tolerava esta situação e incentivava, colocando ingressos à disposição das torcidas organizadas. O presidente do Santa Cruz também aparece, nos autos, ao lado de líderes da torcida organizada", afirma Nicolas Coelho.

CHARLES JOHNSON/JC IMAGEM
Arruda, estádio do Santa Cruz. - FOTO:CHARLES JOHNSON/JC IMAGEM