Pelo menos 15 cidades no Irã vêm registrando manifestações após a morte da jovem iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, na última sexta-feira (16). Ela havia sido detida pela polícia da moral no dia 13 de setembro. Ao menos 17 pessoas morreram em meio aos eventos.
A ONG de oposição Iran Human Rights (IHR), sediada na Noruega, denuncia que o número de mortes pode ser ainda maior que o anunciado no balanço das autoridades iranianas: 31 civis mortos pelas forças de segurança do país, informou a AFP.
No balanço anterior, as agências de notícia anunciaram 11 mortos, dos quais sete eram manifestantes e quatro integravam as forças de segurança.
Agora, a televisão estatal anunciou que 17 pessoas perderam a vida "nos eventos dos últimos dias", sem especificar quantos eram manifestantes ou policiais. As autoridades do Irã negam envolvimento na morte dos civis.
O que aconteceu com Mahsa Amini?
A jovem Mahsa Amini, de 22 anos, era natural do Curdistão, no noroeste do país, e havia sido detida pela polícia da moral no último dia 13 de setembro na capital do Irã, Teerã.
A polícia da moral — que fiscaliza o cumprimento do rígido código de vestimenta no Irã — deteu Mahsa alegando que ela estaria usando "roupa inapropriada", já que não estaria cobrindo os cabelos com o hijab.
No Irã, as mulheres devem, segundo o código de vestimenta, cobrir os cabelos e não podem usar peças curtas acima dos joelhos, calças apertadas ou jeans rasgados.
Mahsa faleceu em um hospital na última sexta-feira (16). A jovem teria sido agredida fatalmente na cabeça, segundo ativistas. As autoridades do país, contudo, negaram e anunciaram a abertura de uma investigação.
Pelo menos 15 cidades registraram protestos
Logo após a morte de Mahsa Amini ter sido anunciada, manifestantes tomaram as ruas do país em protesto. Pelo menos 15 cidades do Irã registraram atos, que já entraram no sexto dia.
A Anistia Internacional afirmou haver, no país, uma "repressão brutal" e denunciou o "uso ilegal de balas de borracha, balas letais, gás lacrimogêneo, jatos d'água e cassetetes para dispersar os manifestantes".
Sobre os eventos, a Guarda Revolucionária disse, nesta quinta-feira (22), que enfrenta uma "guerra midiática a todo custo" e alegou uma "conspiração fadada ao fracasso".
Acesso às redes sociais é bloqueado no Irã após protestos
Desde o início das manifestações, a conexão à internet se tornou ainda mais instável. Na noite da quarta-feira (21), as autoridades iranianas bloquearam o acesso às redes sociais Instagram e WhatsApp.
A agência Fars informou que a medida teria sido tomada em função "das ações realizadas pelos contrarrevolucionários contra a segurança nacional por meio destas redes sociais".
No país do Oriente Médio, o Instagram e o WhatsApp são os aplicativos mais acessados após o bloqueio de plataformas como YouTube, Facebook, Twitter, Telegram e TikTok nos últimos anos, sendo o acesso a internet amplamente filtrado ou restrito.