Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-ministro de Lula (PT) entre 2007 e 2009, José Múcio Monteiro será, mais uma vez, auxiliar do petista na Esplanada dos Ministérios.
Conhecido e elogiado por sua articulação política, Monteiro, que tem carreira de quase cinquenta anos de vida pública, tende a ser uma peça-chave no terceiro governo Lula.
Isso porque, ele assumirá o Ministério da Defesa e se tornará o primeiro civil a comandar a pasta em quase cinco anos. Seu nome foi confirmado nesta sexta-feira, 9 de dezembro de 2022.
Antes de Bolsonaro, o ex-presidente Michel Temer (MDB) já havia nomeado o primeiro militar para o cargo, o general Joaquim Silva e Luna, no começo de 2018.
A escolha do ministro da Defesa e dos comandantes das Forças era um dos assuntos mais delicados da transição de governo.
QUEM É JOSÉ MÚCIO MONTEIRO?
Nascido no Recife, em 25 de setembro de 1948, José Múcio Monteiro graduou-se engenheiro civil em 1971, na Escola Politécnica de Pernambuco (Poli), ligada à Universidade de Pernambuco (UPE).
Em sua vida profissional, o ex-presidente do TCU se dedicou à iniciativa privada do setor da agroindústria em Pernambuco e no Mato Grosso.
TRAJETÓRIA POLÍTICA DE JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
A vida pública de José Múcio Monteiro, que será ministro de Lula, se iniciou como vice-prefeito de Rio Formoso, na Zona da Mata de Pernambuco, entre 1976 e 1982. Em seguida foi prefeito do mesmo município (1982-1983), que fica a 88 km da capital pernambucana.
Começou na Arena, partido ligado ao regime militar, onde atuou de 1966 a 1979. No ano seguinte, se filiou ao PDS, no qual permaneceu até 1991. Depois, integrou o PFL (ex-DEM) por 10 anos. Em 2001, migrou para o PSDB e, desde 2003, é filiado ao PTB.
Ainda no âmbito do Poder Executivo, foi presidente da então estatal Companhia Energética de Pernambuco (CELPE) em 1983. Logo depois assumiu a função de secretário dos Transportes, Comunicação e Energia do Estado de Pernambuco (1983-1986).
Em 1986, José Múcio Monteiro disputou o governo de Pernambuco e ficou em segundo lugar, derrotado por Miguel Arraes, que voltava ao poder após ser cassado pela ditadura militar.
O resultado final daquela disputa de 1986 deu a Miguel Arraes 1.587.726 votos, o equivalente a 60,91%, que teve como vice Carlos Wilson, contra 1.018.800 votos (39,09%) de José Múcio Monteiro, que teve como vice José Ramos.
Apesar da derrota, José Múcio foi projetado como importante liderança política do Estado e, na eleição seguinte, iniciou seu período de 20 anos na Câmara dos Deputados, com cinco mandatos consecutivos, de onde só saiu para assumir a cadeira de ministro do TCU.
JOSÉ MÚCIO E A ARTICULAÇÃO POLÍTICA
Foi eleito deputado federal por seu Estado em 1990 e nas quatro eleições subsequentes. Na Câmara dos Deputados, José Múcio foi titular de diversas comissões permanentes, tais como Economia, Indústria e Comércio, e Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Ainda durante o mandato, Monteiro ainda exerceu um importante papel no segundo governo Lula, ao se tornar líder do Governo no Congresso Nacional (2007).
Se licenciou duas vezes do parlamento para exercer cargos no Executivo. Foi secretário Municipal de Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente do Recife, entre 1997 e 1998. Mais adiante, José Mucio Monteiro foi ministro das Relações Institucionais da Presidência da República (2007-2009) na era Lula.
Tomou posse como ministro do Tribunal de Contas da União em 20 de outubro de 2009, na vaga deixada pelo ministro Marcos Vilaça, após ter seu nome aprovado pela maioria absoluta dos senadores da República.
Cerca de 10 anos depois, Monteiro assumiu a presidência da Corte de Contas até quando se aposentou, em 2021. Três anos antes da aposentadoria compulsória por idade.
JOSÉ MÚCIO MONTEIRO SERÁ MINISTRO DE LULA
Aos 74 anos, recentemente, Múcio foi convidado para integrar o grupo de transição do governo Lula focado nos trabalhos da área de Defesa.
Com isso, ele se projetou como potencial ministro e cumprindo a condição básica determinada pelo petista: ter um civil à frente da pasta.
Em 2020, José Múcio chegou a ser cortejado pelo principal adversário de Lula, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em dezembro daquele ano, Bolsonaro disse que Múcio poderia procurá-lo para integrar o “1º time do Executivo” se sentisse saudades da vida pública depois da aposentadoria. Deu a declaração no 4º Fórum Nacional de Controle.
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