Alunos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) reclamam da dificuldade em acessar vagas no programa de moradia estudantil.
O problema tem sido relatado principalmente pelos que estudam nos câmpus localizados fora do Grande Recife. A UFPE tem quatro câmpus: dois no Recife, um em Caruaru, no Agreste, e outro em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata do Estado.
A insatisfação veio à tona a partir da divulgação, nesta semana, da abertura do edital do Programa de Moradia Estudantil.
Uma aluna de Nutrição, do quinto período, e que prefere não ter o nome divulgado, precisa pagar transporte, já que está distante do câmpus. Ela mora em Carpina, mas percorre cerca de cinquenta quilômetros apenas para chegar na UFPE, em Vitória de Santo Antão.
"Infelizmente não tenho auxílio da universidade federal. O número de bolsas ofertadas pra os centros de interiores é pequeno. Tem gente pagando mais de R$20, quase R$30 de passagem todos os dias. Ocorrem muitas desistências e trancamento de curso por isso".
Outra estudante de Nutrição, que também optou pelo anonimato, disse à reportagem que os pais fazem um esforço mensal para bancar a moradia. Ela deixou Carpina, na Mata sul, para morar em Vitória de Santo Antão. A família paga cerca de R$ 800 mensais em moradia.
"Quando lançou o novo edital eu fiquei bastante descontente. Faz aproximadamente seis meses que eu estou aguardando. Uma vez que lançou, eles não beneficiaram os estudantes do interior. E a gente que estuda no CAV, além de não ter casa de estudante não tem RU".
Escute a matéria de Natalia Ribeiro aqui:
Fechamento do RU preocupa
O novo edital do Programa de Moradia Estudantil da UFPE contempla 91 vagas. Só que todas são para o Câmpus do Recife. Apesar do programa hoje estar voltado à Capital, há uma insatisfação em comum entre os estudantes da Universidade Federal de Pernambuco: a falta de restaurante universitário, RU.
Genivaldo Lima, de 20 anos, que está no quarto período de Jornalismo, conseguiu uma vaga na casa universitária. Por isso, deixou Salgueiro, no Sertão, e passou a morar no recife.. Ele é grato pela oportunidade de residir no local, mas destaca a falta do Restaurante Universitário, RU, com preço mais acessível.
"O RU deveria ser o básico. Um RU que atenda direitos e necessidades do estudante. Quando eu comecei a estudar, já estava fechado por conta de obras. Há promessas de que vai voltar, mas até agora nada".
Resposta
Procurada, a UFPE informou que existem quatro unidades de moraria universitária: três em Recife e uma em Caruaru - esta, que os estudantes teriam optado em não utilizar. Já em Vitória de Santo Antão, o programa não está disponível por falta de espaço.
O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Proaes, da UFPE, Fernando do Nascimento, informa que alunos de escola pública, com renda familiar de até um salário mínimo e meio, recebem auxílio.
"Em Vitória de Santo Antão atualmente nós temos 405 estudantes atendidos pela Proas com bolsa e deficiência estudantil, que partem do valor de R$700. Em Caruaru, nós temos 881 atendidos que recebem bolsas a partir de R$600. Investimos mensalmente quase R$3 milhões para que os nossos estudantes mais vulneráveis possam concluir a sua graduação e ter direito a um curso superior".
Contudo, como são poucas vagas, alguns alunos relatam que foram aprovados, mas que não tiveram acesso ao auxílio.
Quanto ao restaurante universitário de Vitória de Santo Antão, o pró-reitor anuncia que a construção do espaço devem ter início em 2023, a partir da doação de um terreno pela Prefeitura e destinação de verba parlamentar. Já o RU do Recife tem previsão de ser reaberto em fevereiro do próximo ano.
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