Psicologia em movimento

Psicologia em Movimento: Não sou em quem me navega

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Rádio Jornal

Publicado em 16/08/2023 às 18:24 | Atualizado em 16/08/2023 às 18:41
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Não há uma única e só pessoa que não deseje ter domínio e controle sobre sua vida, de forma total e absoluta. Mas a realidade nos faz ver que não é bem assim. Não raro a vida nos escapa, haja vista que não temos sobre ela domínio ou controle; exceto de modo bastante relativo.

Muitas vezes, quando achamos que dispomos do controle sobre nossas vidas, a vida nos prega peças e nos faz ver exatamente o contrário. Ela nos coloca de ponta-cabeça, nos chacoalha por dentro e por fora, e nos lança no abismo da existência, lugar onde nos sentimos possuídos por um enorme vazio e nos damos conta das nossas limitações e finitude.

Em ocasiões como essas, que, em geral, implicam em experiências de vida amargas e dolorosas, mas não apenas, acabamos descobrindo que é a vida que nos governa. É bem verdade que, na maior parte do tempo, estamos fazendo planos e construindo os mais diversos projetos imaginando que temos a vida sob domínio e controle.

E eis que, de repente, não mais que de repente, diante de alguma circunstância ou eventualidade a vida toma um curso completamente diferente do que imaginávamos, fazendo-nos sentir órfãos, desamparados, e impotentes, diante da vida e do viver. O que pode ocorrer em face a uma tragédia, individual ou coletiva, que deixa cicatrizes difíceis de serem superadas. Em face de uma perda de caráter significativo, principalmente. Ou da não realização de um sonho, desejo ou aspiração de vida. Mas a vida não só nos escapa ou foge de controle, no que diz respeito aos acontecimentos de grande vulto. Ela nos escapa também no tocante aos acontecimentos miúdos ou a granel.

Os exemplos são os mais variados: ficar preso num elevador, por exemplo, um voo que atrasa a partida, um ataque de pânico inesperado, etc. Viver é estar submetido às circunstâncias de um "beliscão e uma pisadela", como no romance "Memórias de um sargento de mílicia", de Manuel Antonio de Almeida. Afinal, como nos ensina Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho, na belíssima composição intitulada "Timoneiro", :não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar".

Parafraseando os citados compositores, poderíamos dizer: quem me navega é a vida. É sobre esse tema, "Não sou eu quem me navega", que iremos abordar, hoje, na Coluna Psicologia em Movimento, com o psicólogo Sylvio Ferreira.

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