COVID-19

Médico fala dos riscos do uso do corticoide para pacientes com coronavírus

O pneumologista Murilo Guimarães concedeu entrevista à Rádio Jornal nesta terça-feira (31)

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 31/03/2020 às 9:53
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A pandemia do novo coronavírus (covid-19) acendeu um alerta especial para as pessoas com doenças crônicas, entre eles, os asmáticos. Em entrevista ao Passando a Limpo desta terça-feira (31), o pneumologista Murilo Guimarães disse que o corticoide de uso oral não está sendo recomendado para pessoas com a confirmação de covid-19 porque em alguns casos quando foi utilizado, acarretou numa evolução pior do quadro agudo do paciente.

"Se for possível evitar, sim. Em medicina a gente precisa pesar os prós e contras. Se você tem uma crise de asma grave e não respondeu as outras terapias, tem que tomar corticoide e ninguém vai ficar apavorado por conta disso. A gente tenta não dar e usar de todos os outros recursos por conta dessas informações ainda precoces de que o corticoide pode acarretar uma evolução pior. Tem outros recursos que possam ser usados como os inalatórios que terminam fazendo com que o corticoide não sejam necessários", disse.

Ouça a entrevista com o pneumologista Murilo Guimarães na íntegra:

Hidroxicloroquina

O pneumologista criticou o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro em defender o tratamento de coronavírus com a hidroxicloroquina sem nenhum embasamento científico. Segundo Murilo Guimarães, o medicamento ainda não tem comprovação científica sobre sua eficácia no combate a covid-19.

"O presidente seria muito bom se ficasse calado. Hoje a hidroxicloroquina é uma arma importantíssima no tratamento da pneumonia ou sars pelo vírus. É diferente você tomar a cloroquina para não ter a sars. É um absurdo porque isso não está prescrito no ponto de vista da ciência. No uso mais prolongado, a cloroquina causa problema de retina e pode causar arritmias cardíacas fatais. Não é para ser usado do mesmo jeito que a pessoa vai na farmácia e compra uma vitamina C. Essa divulgação gerou uma corrida nas farmácias e não deveria nunca ter acontecido porque é capaz de faltar para quem usa cloroquina regularmente", alertou.