Repórteres da Rádio Jornal leem livro que Temer indicou a Dilma. Veja o que eles acharam

Depois que o o vice presidente Michel Temer indicou a presidente Dilma que ela lesse “Número Zero”, de Umberto Eco, Romoaldo de Souza combinou com Rafael Souza para fazerem uma crítica do romance
Da Rádio Jornal
Publicado em 26/01/2016 às 10:24


Romoaldo de Souza e Rafael Souza leram as edições espanhola e brasileira do livro "Número Zero", do italiano Umberto Eco.


A ideia surgiu de Romoaldo de Souza, repórter da Rádio Jornal em Brasília. Depois que o o vice presidente da República, Michel Temer, indicou a presidente Dilma Rousseff que ela lesse “Número Zero”, de Umberto Eco, Romoaldo combinou com o produtor da Super Manhã, Rafael Souza, para fazerem uma crítica do romance.

No meio jornalístico, a expressão número zero é uma espécie de edição experimental, é o embrião de um projeto de um jornal, uma revista. É a síntese daquilo que os editores imaginam para “garimpar” patrocínios. Acontece que no livro, "O Número Zero", o escritor italiano recria o conceito de uma maneira um tanto quanto sórdida. Em vez de financiadores para a edição do periódico, a missão jornalística do projeto é chantagear personalidades importantes da Itália e atrair apoio político para o idealizador do jornal “Amanhã”.

ROMOALDO DE SOUZA - Sentei-me na cafeteria, pedi um café coado, um croissant recheado de geleia de tangerina e dei início a uma “visita-guiada”, pela redação do “Amanhã”, sempre parando, fechando as páginas do livro e relembrando minhas primeiras decepções, no início da carreira, quando começavam os encontros do que mais tarde seria a “Constituição Cidadã” de Ulysses Guimarães. Quem se especializa em jornalismo político, em Brasília, tem de se preparar para todo tipo de sordidez que os manuais da profissão não ensinam e boa parte dos professores não conhece.

Em “O Número Zero”, Umberto Eco me fez fechar de vez o livro e sair correndo para a terapia quando tracei uma significativo paralelo com a situação do Brasil de hoje. Lá pelas tantas o narrador lembra: “estamos nos acostumando a perder o senso de vergonha”, em seguida tem a “corrupção autorizada, o mafioso oficialmente no Parlamento, o sonegador no governo e na cadeia”… e por aí vai. Não é à toa que o vice-presidente, Michel Temer, recomendou que à presidente, Dilma Rousseff, tirasse um tempinho para ler “O Número Zero”, um verdadeiro manual do jornalismo mau-caráter. O jornalismo “chapa-branca” que suja de suborno as páginas de nossa imprensa.

RAFAEL SOUZA - Cuidado com a imprensa, com os prazos e com a conspiração. Talvez seja esse o recado que o vice-presidente Michel Temer quis passar à presidenta Dilma ao sugerir a leitura do livro "Número Zero", do italiano Umberto Eco. Lançada em 2015, a obra é um romance bem crítico a forma de se fazer jornalismo e narra uma grande tramoia política que envolve crise e até golpe de estado abortado. Na história, um jornal ficcional é criado para ser vendido como de verdade. Ele é escrito hoje, como se fosse ontem, e por isso pode falar do amanhã.

No centro do livro, o problema de cumprir com os prazos (que para a petista, pode ser equivalente a cumprir promessas) e como lidar com uma teoria conspiratória das grandes. Como bom e velho "amigo da onça" que é, Temer sugere um livro onde a gente não sabe muito bem se ele quer que Dilma abra os olhos ou fiquei com ainda mais caraminholas na cabeça. Independente, dos poderosos, é uma boa dica de romance, com um grande contexto histórico. Em especial se você for louco pela Itália.

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