A vacina contra o vírus zika só deve estar disponível para a população em, no mínimo, cinco anos. É o que garantem cientistas de todo o mundo que se reuniram no Recife no primeiro encontro mundial sobre a arbovirose, o workshop A, B, C, D, E do Vírus Zika, na sede da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco.
De acordo com os cientistas, os estudos para a imunização do zika avançam, mas além do tempo para elaboração dela, ainda são necessários anos para a fase de testes e depois mais um tempo até a distribuição.
A pesquisadora da Fiocruz, Laura Gil, especialista em virologia molecular trabalha na vacina desde o mês de dezembro do ano passado. Ela diz que o genoma do vírus já foi completamente descoberto. Agora depois de clonado, os pesquisadores tentam transformar o vírus na forma mais branda. “Isso nos permite manipular esse genoma causando atenuações nele para a produção de uma vacina”, explicou. “Nós também iremos utilizar outras estratégias para o desenvolvimento da vacina que seria a mesma estratégia utilizada para o desenvolvimento de uma vacina para a dengue que logo estará no comércio no Brasil”, disse.
Confira os detalhes na reportagem de Clarissa Siqueira:
O médico infectologista Ernesto Marques Júnior, que também é membro de um centro de elaboração de vacinas nos Estados Unidos, fala sobre o que dificulta o processo. “Isso requer massivos investimentos, apostar em várias estratégias simultâneas, cada uma vai ter vantagens e desvantagens em custo, de produção e segurança. Não tem como você acelerar o processo sem pular etapas”, destacou.
Outro ponto apresentado no workshop foi porquê alguns bebês tem a microcefalia e outros não, mesmo a mãe apresentando sintomas do zika. O pesquisador Rafael França é quem estuda o assunto. “Nós ainda não temos dados que deem alguma pista em relação a isso. São estudos ativos. A gente sabe que a microcefalia está relacionada a infecção por zika durante a gestação, mas o porquê de alguns fetos desenvolverem a microcefalia e outros não ainda permanece uma incógnita”, explicou o pesquisador.
Além da vacina, outros assuntos foram debatidos, a exemplo dos problemas de saneamento e a relação com a microcefalia. O primeiro encontro mundial sobre o zika vírus começou na terça-feira (1) e reuniu mais de 250 pessoas, além das 1500 que acompanham as 22 palestras pela internet.
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