Cemitério de Santo Amaro vai virar patrimônio cultural de Pernambuco

O Cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção, mais conhecido por Cemitério de Santo Amaro, é onde estão enterrados os corpos dos ex-governadores Carlos de Lima Cavalcanti, Agamenon Magalhães, Miguel Arraes e Eduardo Campos. Outras personalidades ali enterradas, como Joaquim Nabuco, Gino César e Abelardo da Hora, ajudam a contar a história do lugar.

Diante desse peso histórico, o Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco aprovou por unanimidade o pedido de tombamento do Cemitério de Santo Amaro. A partir desta decisão, o espaço passa a ser protegido por lei como parte do patrimônio cultural da história do Estado.

Sobre o assunto, o comunicador Geraldo Freire conversou nesta quarta-feira (2) com o pesquisador Leonardo Dantas Silva, membro do Conselho de Preservação. Com o intuito de convencer os membros do conselho sobre o tombamento, o historiador promoveu uma visita guiada. "É a maior galeria de esculturas que existe em Pernambuco", argumentou. Ouça a entrevista completa:

O documento que solicita o tombamento, assinado pela presidente do Conselho de Preservação, Márcia Souto, orienta que, enquanto é feita a proteção do local, deve haver também o desenvolvimento de políticas públicas que estimulem atividades de utilização do cemitério. Esta mesma lógica é utilizada em outros pontos turísticos ao redor do Brasil e do mundo, que se destacam pelo conjunto de suas obras e, consequentemente, se tornam objetos de uma série de estudos e pesquisas.

O processo de “musealização” dos cemitérios é apontado nesse documento como necessário, devido à importância deste espaço como repositório de obras de arte, sobretudo as plásticas e arquitetônicas.

Entre os destaques, estão o túmulo do abolicionista Joaquim Nabuco (a escultura retrata a Emancipação do Elemento Escravo, em 13 de maio de 1888, formado por um grupo de escravos levando sobre suas cabeças o sarcófago simbólico do grande abolicionista); o do governador Manuel Borba (com uma mulher de bronze com torre na cabeça, e sobre seus pés um grande leão); o mausoléu da Família Drummond (com um escudo de mármore sobre uma pequena ampulheta, com uma caveira e uma foice); o Túmulo dos quatro bustos (uma obra de arte, toda em mármore, pertencente à Família Miguel José Alves, representando quatro irmãos: um homem com as mãos no peito e três mulheres chorando à volta dele); o do Barão e da Baronesa, entre outros.

O pesquisador Leonardo Dantas Silva já tem chamado a atenção para este patrimônio cultural, destacando a beleza e imponência de diversos túmulos e mausoléus que estão em Santo Amaro, e lamentado a ausência de visitas guiadas com o objetivo de apreciar e conhecer a história de Pernambuco a partir da observação do conjunto de esculturas presentes no cemitério. Ele escreveu o artigo “Arruando pelo Cemitério de Santo Amaro”.

ROTEIRO

O texto deste artigo, bem como as fotografias retiradas pelo pesquisador – registros que receberam a colaboração da fotógrafa Jan Ribeiro – ilustram o folder “Cemitério de Santo Amaro – Um Roteiro de Seu Patrimônio”, que o Conselho de Preservação também lançou nesta terça-feira, junto ao pedido de tombamento. A publicação tem o objetivo de estimular a criação de visitas guiadas pelo Cemitério de Santo Amaro e será distribuída pela Fundação do Patrimônio Histórico de Artístico de Pernambuco (Fundarpe) em instituições ligadas à educação patrimonial e ao turismo em todo o estado.

O CEMITÉRIO

Construído em 1851, o espaço foi projetado por Louis Vauthier, que também projetou o Teatro de Santa Isabel. O Cemitério de Santo Amaro tem 145 mil metros quadrados de área, 20.520 túmulos e 9.296 ossuários. Durante um mês, uma média de 18 mil pessoas visitam o cemitério, na Rua Marquês do Pombal, bairro de Santo Amaro. O valor do sepultamento varia entre cova (R$ 10 para criança e R$ 20 para adultos) e gaveta (R$ 55 para criança e R$ 75 para adultos).