O governo brasileiro decidiu adotar orientações internacionais e recomendará apenas uma dose da vacina contra a febre amarela durante toda a vida. As pessoas que já se vacinaram quando eram bebê e têm a carteira com a comprovação, não precisam mais tomar a dose chamada de “reforço”, após os 10 anos.
A medida começa a valer neste mês e se adapta a estudos feitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que atestam a eficácia da dose única, sem necessidade de complementação. Em 2014, a OMS já havia recomendado a mudança, mas o Ministério da Saúde entendeu na época que eram necessários mais estudos para adotar o protocolo. “Quem já tomou alguma dose, não precisa mais se vacinar”, garantiu o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Para a infectologista Vera Magalhães, a mudança é segura e já está em vigor em diversos países do mundo. "O Brasil era o único País que recomendava duas doses. Um dose dá a proteção durante toda a vida em 95% dos casos", diz. "O que eu não acho que deva ser feito é o fracionamento da dose", diz a médica, se referindo ao desejo do Ministério da Saúde de reduzir a dose individual de 0,5 ml para 0,1 ml em casos de epidemia.
Vera Magalhães afirma que os estudos não mostram a eficácia do fracionamento em que uma dose seria dividida pra cinco pessoas. Ela explica ainda que alguns países exigem uma revacinação a cada dez anos. Nos casos dos transplantados ou pessoas com Aids, pode ser feita uma nova dose.
O governo anunciou também a decisão de contar com o fracionamento da vacina para momentos de epidemia, medida que ainda não tem data para implementação. O objetivo é conseguir imunizar maior número de pessoas em casos emergenciais.
“A dose fracionada não é diluição da vacina. Em vez de o vacinador puxar para dentro da seringa 0,5 ml, ele vai colocar 0,1 ml. A diluição da vacina continua a mesma. O que haverá é uma diminuição do quantitativo de volume que será colocado na seringa para fazer a vacinação nos locais que forem definidos”, informou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues.
De acordo com Carla, caso a medida venha a ser adotada, um frasco com cinco doses poderá vacinar até 25 pessoas. Embora a resposta seja a mesma (as doses padrões causam o efeito desejado em 97% dos casos), a duração da eficácia ainda não pode ser garantida. Atualmente, as pesquisas em andamento indicam que os cidadãos vacinados com a dose fracionada ficam imunizados pelo período de até um ano.
Desde dezembro do ano passado, quase 2 mil casos de febre amarela foram notificados em todo o país, dos quais 586 foram confirmados e causaram 190 mortes. No mesmo período, cerca de 16,5 milhões de doses da vacina foram aplicadas, e apenas 192 causaram reações graves, como por exemplo a contaminação pelo vírus. Estes últimos números, porém, ainda estão em investigação.
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