JULGAMENTO

Chacina de São Joaquim do Monte: após 8 anos sem-terra serão julgados

“É um dia de bastante expectativas”, comenta o coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Jaime Amorim

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Publicado em 05/07/2017 às 2:57
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Pode ter um desfecho nesta quarta-feira (05) o caso que ficou conhecido como “chacina de São Joaquim do Monte”, ocorrido em 21 de fevereiro de 2009, no município localizado no Agreste pernambucano. Depois de oito anos, o julgamento ocorre hoje a partir das 9h, na 4ª Vara do Fórum Tomaz de Aquino, no Centro do Recife.

Ouça a entrevista na íntegra:

Serão julgadas nesta manhã, duas das quatro pessoas que teriam participado do crime. Aluciano Ferreira dos Santos e Antônio Honorato da silva, que estavam presos deste 2009, deixaram a Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, na condição de liberdade provisória, em abril deste ano.

Disputa

De acordo com o coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Jaime Amorim, a fazenda Jabuticaba – pilar da disputa entre o movimento social e os proprietários – em São Joaquim do Monte, era ocupada desde julho de 2000. Durante alguns embates, famílias foram despejadas e lavouras derrubadas abaixo, mas o lugar foi reocupado. “Quando as famílias reocuparam em 2008 e foram despejadas, reocuparam para salvar a lavoura da 'pistolagem' histórica da região, uma região de grandes latifúndios, quase total, o município de São Joaquim do Monte”, afirmou Jaime Amorim em entrevista exclusiva à Rádio Jornal nesta terça-feira (04).

No episódio, a família Guedes, proprietária da fazenda, ainda segundo o coordenador, contratou uma empresa de segurança, que atuava na região há 10 anos, para acabar com o acampamento. “As famílias se defenderam, se protegeram e infelizmente teve a morte de quatro pistoleiros. (...) Eles viviam o tempo inteiro amedrontando, aterrorizando, ameaçando as famílias e as pessoas”, argumentou Jaime.

Apesar dos 17 anos de ocupação, as famílias, que permanecem lá até hoje, não conseguiram através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desapropriar a terra para a criação de um assentamento. “Sempre sofrendo ameaças, elas estão lá ainda até hoje, apesar de todas as manobras que foram feitas para serem despejadas”, explica.

Jaime afirmou que há dois meses os proprietários entraram com um pedido de reintegração de posse, mas este não foi deferido, enquanto isso, as famílias ocupantes seguem a cultivar alimentos no local. “Todas produzem suas subsistências a partir da área da Fazenda Jabuticaba, no entanto, vivem lá sem a área ter sido desapropriada, vivem acampadas, guardando, com muita ansiedade, que esse julgamento seja favorável aos companheiros em função do sofrimento das famílias”, comenta.

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