POLÊMICA

Após ministro do Meio Ambiente questionar contrato, presidente do Ibama pede exoneração

Ministro do Meio Ambiente fez uma postagem no Twitter questionando o valor do aluguel de caminhonetes por meio do Ibama

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 07/01/2019 às 13:45
Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil

A presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, pediu exoneração do cargo nesta segunda-feira (7) após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questionar o contrato de aluguel de caminhonetes em publicação no Twitter.

A publicação foi feita neste domingo, e o ministro postou “Quase 30 milhões de reais em aluguel de carros, só para o Ibama...” seguido de uma foto do contrato.

Publicação ganhou repercussão nas redes sociais
Publicação ganhou repercussão nas redes sociais
Reprodução/ Twitter

O post de Salles se referia a um contrato do Ibama, assinado em dezembro de 2018, no valor de R$ 28,7 milhões para aluguel de caminhonetes a serem usadas pelo órgão.

Suely Araújo assumiu a presidência do Ibama no governo do ex-presidente Michel Temer e, no pedido de exoneração, ela argumentou que, mesmo antes do presidente Jair Bolsonaro assumir, o nome do seu sucessor já vinha sendo "amplamente" comentado na imprensa e dentro do próprio Ibama.

Bolsonaro apaga post

Também através de sua conta no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer um comentário sobre a declaração de Ricardo Salles. Ele compartilhou o post e disse que seu governo está desmontando "montanhas de irregularidades". No entanto, ele apagou o comentário e manteve apenas o compartilhamento da mensagem do ministro.

"Estamos em ritmo acelerado, desmontando rapidamente montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão COMPROVADAS e EXPOSTAS. A certeza é; havia todo um sistema formado para principalmente violentar financeiramente o brasileiro sem a menor preocupação!", escreveu o presidente.

Presidente apagou comentário feito em post no twitter
Presidente apagou comentário feito em post no twitter
Reprodução/ Twitter

Suely responde por meio de nota divulgada pelo Ibama

Por meio de nota, a presidente do Ibama disse em nota que refutava com “veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação”.

“A acusação sem fundamento evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções. O valor estimado inicialmente para esse contrato era bastante superior ao obtido no fim do processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi aprovado pelo TCU”, disse Suelly na nota.

Confira a nota completa:

"As viaturas do Ibama são objeto de um contrato de locação de âmbito nacional. O novo contrato abrange 393 caminhonetes adaptadas para atividades de fiscalização, combate a incêndios florestais, emergências ambientais, ações de inteligência, vistorias técnicas etc., nos 27 estados brasileiros, e inclui combustível, manutenção e seguro, com substituição a cada 2 anos. A acusação sem fundamento evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções. O valor estimado inicialmente para esse contrato era bastante superior ao obtido no fim do processo licitatório, que observou com rigor todas as exigências legais e foi aprovado pelo TCU. Os valores relativos aos veículos para fiscalização na Amazônia são custeados pelo Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES. A presidência do Ibama refuta com veemência qualquer insinuação de irregularidade na contratação. Espera, por fim, que o novo governo dedique toda a atenção necessária às importantes tarefas a cargo do Ibama, e não a criar obstáculos à atuação da Autarquia."

Ricardo Salles diz que não levantou suspeita sobre o contrato

Ainda neste domingo, novamente no Twitter, Ricardo Salles afirmou que não levantou suspeita sobre o contrato e que quis chamar atenção sobre o valor, que considerou elevado.

"Não levantei suspeita sobre o contrato, apenas destaquei seu valor elevado, conforme meus esclarecimentos na própria postagem. O valor elevado também foi questionado pelo TCU desde abril e, portanto, não precisava ser assinado a dez dias da troca de governo", escreveu o ministro.

Leia a íntegra do pedido de demissão da presidente do Ibama:

Excelentíssimo Senhor Ministro,

1. Cumprimentando-o cordialmente, sirvo-me do presente para formalizar minha solicitação de exoneração do cargo de Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

2. Considerando que a indicação do futuro Presidente do Ibama, Sr. Eduardo Bim, já foi amplamente divulgada na imprensa e internamente na Instituição ainda em 2018, antes mesmo do início do novo Governo, entendo pertinente o meu afastamento do cargo permitindo assim que a nova gestão assuma a condução dos processos internos desta Autarquia.

3. Assim, comunico que a partir de amanhã, 08 de janeiro, não exercerei mais as funções de Presidente do Ibama. Nesse sendo, solicito que quando da publicação do ato, nele conste que trata-se de exoneração a pedido com efeitos a partir de 08/01/2019.

Respeitosamente, Suely Araújo