Operação Fantoche

Presidentes da CNI e da Fiepe são presos pela Polícia Federal

Robson Braga de Andrade, que preside a CNI, e Ricardo Essinger, que comanda a Fiepe, foram alvo da operação Fantoche

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 19/02/2019 às 10:45
Ezequiel Quirino/TV Jornal
FOTO: Ezequiel Quirino/TV Jornal

O presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga de Andrade foi preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (19) durante o cumprimento da operação Fantoche, que acontece em seis estados brasileiros, incluindo Pernambuco. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, Ricado Essinger., também foi preso. A Polícia Federal cumpre, ao todo, 40 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão temporária.

O delegado Ricardo Madsen, que faz parte da operação, explicou que a investigação começou após a descoberta de que uma empresa de publicidade estava superfaturando valores de contratos de eventos culturais do Sesi. "No evoluir das investigações, percebeu-se que foram criadas empresas de fachada, pessoas laranjas para receber esse dinheiro e que não eram totalmente dedicados a esses eventos culturais", disse.

A operação

A operação conta com a participação de 213 policiais federais e oito auditores do TCU que estão cumprindo 40 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão temporária, em Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Alagoas. As medidas foram determinadas pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco, que ainda autorizou o sequestro e bloqueio de bens e valores dos investigados.

Funcionamento do esquema criminoso

A Polícia Federal descobriu que o modus operandi empregado pelo grupo era sempre muito parecido. Eram utilizados entidades de direito privado sem fins lucrativos para justificar a celebração de contratos e convênios diretos com o Ministério convenente e unidades do Sistema S, contratos estes, em sua maioria, voltados à execução de eventos culturais e de publicidade superfaturados e/ou com inexecução parcial, sendo os recursos posteriormente desviados em favor do núcleo empresarial por intermédio de empresas de fachada.

Estima-se que o grupo já tenha recebido mais de R$ 400 milhões decorrentes desses contratos.

Respostas

Em nota através da assessoria de comunicação, a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) informou que "o seu presidente, Ricardo Essinger, está prestando esclarecimentos na Polícia Federal. Todos os processos atendem, criteriosamente, às exigências licitatórias previstas em lei e a equipe técnica da entidade está à disposição para contribuir com a documentação que for solicitada pelos responsáveis pela investigação."

Já a CNI informou que "tem conhecimento de que o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, está na Polícia Federal, em Brasília, prestando esclarecimentos sobre a operação deflagrada na manhã desta terça-feira (19/02). A CNI não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades."

E o Ministério do Turismo informou que "não assinou nenhum convênio até o momento. Além disso, a Pasta já havia determinado uma auditoria completa em todos os instrumentos de repasse antes mesmo de tomar conhecimento da investigação da Polícia Federal, ação que resultou no cancelamento de um contrato no valor de R$ 1 milhão. O Ministério do Turismo, que não é alvo das buscas e apreensões da Operação Fantoche, está totalmente à disposição para colaborar com a investigação."