Menos de um mês após militares dispararem 80 tiros de fuzil contra o carro de uma família e matar duas pessoas, o Ministério Público Militar pediu a soltura de nove envolvidos no caso. Eles foram presos preventivamente ao longo da investigação. A solicitação pede a revogação da prisão preventiva até que o habeas corpus seja julgado definitivamente.
No dia 7 de abril, militares do Exército dispararam 80 vezes contra o carro do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, em Guadalupe, na Zona Norte do Reio. Além dele, o catador de lixo Luciano Macedo, que tentou salvar a família, também morreu no episódio. Evaldo morreu no próprio carro e o catador dias após ficar internado no hospital. O pedido do MPM à Justiça foi feito a partir de um habeas corpus impetrado pela defesa.
Segundo o parecer da procuradoria-geral da Justiça Militar, o pedido de soltura beneficia os seguintes envolvidos: Ítalo da Silva Nunes Romualdo; Fábio Henrique Souza Braz da Silva; Gabriel Christian Honorato; Matheus Santanna Claudino; Marlon Conceição da Silva; João Lucas da Costa Gonçalo; Leonardo Oliveira de Souza; Gabriel da Silva de Barros Lins; e Vitor Borges de Oliveira.
O pedido do Ministério Público Militar ainda fala em “desproporcionalidade e ilegalidade absoluta” da prisão por ausência de fundamentação jurídica.
Nove militares são acusados de efetuar vários disparos, na tarde de domingo, 7 de abril, contra um carro onde estava uma família. O motorista Evaldo dos Santos Rosa, um músico de 51 anos, morreu no local. O sogro dele, Sérgio Araújo, que estava no banco do carona, ficou ferido com tiros nas costas e nos glúteos. A mulher de Evaldo e seu filho, que estavam no banco traseiro, não ficaram feridos. Um pedestre, que tentou ajudar a família, também ficou ferido.
Inicialmente, os militares disseram que foram atacados por criminosos e que responderam à agressão. De acordo com a versão dos militares que estavam no local, Evaldo e Sérgio eram criminosos.
Ao fazer a perícia no local, a Polícia Civil descobriu que as vítimas não eram criminosos e não estavam armados. No dia seguinte, o Exército decretou a prisão em flagrante de dez dos 12 militares que estavam na guarnição envolvida no episódio, ao verificar inconsistências nas versões do fato.
No dia 10 de abril, a Justiça Militar decretou a prisão preventiva de nove desses dez militares. Segundo Witzel, ele só decidiu se pronunciar agora porque, com a prisão preventiva, já há, de acordo com o governador, indícios suficientes de autoria do crime.
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