BARBARIDADE

Tive um choque, diz pai de adolescente morta que descobriu crime ao ver o vídeo

A adolescente de 14 anos foi torturada até a morte por outras duas garotas de 15 anos

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 26/06/2019 às 16:48
Felipe Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

O corpo da adolescente de 14 anos, assassinada por duas garotas de 15 anos na praia de Maria Farinha, em Paulista, no Grande Recife, foi sepultado no Cemitério de Santo Amaro, nesta quarta-feira (26). As imagens do crime bárbaro circulam nas redes sociais e foi assim que o pai da vítima soube do caso.

O homem, que não quis ser identificado, contou que descobriu o assassinato quando estava em uma lanchonete e observou as pessoas compartilhando os vídeos do crime bárbaro do qual sua filha foi vítima. “Quando cheguei em uma lanchonete, fui comer alguma coisa, as pessoas estavam compartilhando o vídeo: 'duas meninas mataram outra em Maria Farinha'. Eu falei 'cadê, deixa eu ver?'", relatou. "Eu não vi o rosto, mas vi o perfil e me deu um calafrio. Aí eu fiz: 'ei, cara, mostra o rosto'", continuou.

Segundo o pai da menina, ele revelou que a menina poderia ser sua filha e então adiantaram o vídeo. "Eu falei: 'por favor, adianta, ela é minha filha!'. Todo mundo parou, olhou assim e aceleraram o vídeo. Quando eu olhei, tive um choque", descreveu o pai, que contou ter assistido todos os vídeos, o censurado e o não censurado.

O pai da adolescente disse que a filha mudou o comportamento quando começou a namorar a outra adolescente e que chegou até a fugir de casa. As duas tiveram um relacionamento que durou cerca de 2 anos.

Há cerca de um mês, a menina começou a namorar um rapaz da comunidade. Ele já tinha ouvido falar dos maus tratos que a namorada sofria.

Confira os detalhes na matéria de Vanessa Falcão:

O crime

A menina foi sequestrada quando seguia para a escola na área central do Recife. A vítima foi levada até o local por outras duas adolescentes. As suspeitas filmaram o crime e divulgaram nas redes sociais. Na gravação, é possível ouvir a voz de uma mulher dizendo que vai chamar a polícia.

O corpo dela foi encontrado pouco tempo depois, ainda vestindo a farda da escola. As responsáveis pela morte foram apreendidas e levadas para a unidade de atendimento inicial da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).

Suspeitas apreendidas

Corpo da adolescente foi encontrada no Pontal de Maria Farinha
Corpo da adolescente foi encontrada no Pontal de Maria Farinha
Reprodução/TV Jornal

Por meio de nota, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informou que as duas adolescentes já estão no Centro de Internação Provisória (Cenip) e que serão mantidas em alojamentos separados.

A Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) informa que as duas adolescentes envolvidas em um ato infracional análogo a homicídio em Paulista, na última terça-feira (25), passaram as últimas 24 horas na Unidade de Atendimento Inicial (Uniai), situada no bairro da Boa Vista, no Recife. No local, receberam o primeiro acompanhamento de uma equipe técnica da instituição, composta por assistentes sociais, pedagogos e psicólogos. Em todo esse tempo, elas estiveram em alojamentos separados, por segurança.

Na tarde desta quarta-feira (26), após serem apresentadas ao Ministério Público e ao Judiciário, as adolescentes tiveram a internação provisória decretada e, portanto, já foram transferidas para um Centro de Internação Provisória (Cenip) da Funase. Ambas serão mantidas em alojamentos separados. Como prevê a legislação federal, elas poderão permanecer no local por até 45 dias à espera da sentença da Justiça, tempo que é rigorosamente cumprido em Pernambuco. Nesse período, terão o acompanhamento de profissionais técnicos e serão inseridas na prática de atividades pedagógicas com o intuito de prepará-las para um eventual cumprimento de medida socioeducativa de internação, que pode durar até três anos, e para a reintegração social.