SAÚDE MENTAL

Depressão pós-parto: psiquiatra explica consequências para mãe e bebê

O psiquiatra lembra ainda que é comum a mulher apresentar instabilidade emocional, mas nem todos os casos são de depressão pós-parto

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 11/09/2019 às 16:45
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No Brasil, a depressão pós-parto, que ocorre no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê, acomete mais de 25% das mães. A constatação é de um estudo realizado pela realizado pela pesquisadora Mariza Theme, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fiocruz.

A depressão pós-parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto. O médico psiquiatra, especialista em depressão na mulher, doutor Amaury Cantilino, explicou que o problema ocorre porque, neste período, as mulheres passam por grandes mudanças psicossociais e hormonais. “A queda de estrógeno que ela tem logo depois do parto é algo que ela nunca vai experimentar na vida e essa queda faz com que haja um desequilíbrio no cérebro, onde tem receptores para esse hormônio”, explicou.

Segundo o psiquiatra, no entanto, é comum a mulher apresentar instabilidade emocional, mas nem todos os casos são de depressão pós-parto. “É natural que as mulheres se sintam sensíveis demais. Aquilo que deixaria triste, deixa muito triste, o que deixaria ansiosa, deixa muito ansiosa”, destacou. “Apenas cerca de 12% das mulheres vão desenvolver o que a gente chama de fase de depressão pós-parto, que é quando a pessoa passa a ter esses sintomas todos, mas eles passam a incapacita-la. Ou seja, ela passa a ter dificuldades com o cuidado com o bebê, muitas vezes até evitando os cuidados com o bebê porque se sente incapaz”, completou.

As consequências para o bebê

De acordo com o psiquiatra, a depressão pós-parto afeta o vínculo da mãe com o filho, inclusive pode interferir na amamentação, além de interferir na saúde da criança. “Os bebês das mulheres com depressão pós-parto ficam mais inquietos, têm menos expressões faciais positivas. As mulheres, por sua vez, ficam mais irritadas, perdem a paciência com mais facilidade, têm mais dificuldade de criar o vínculo seguro, ficam ansiosas e com medo de ficar com o bebê sozinha porque não se sente capaz de dar conta afetivamente daquele bebê (...) Num acompanhamento de mais longo prazo, esses bebês têm mais problemas afetivos no futuro, mais ansiedade, depressão”, apontou.

Apoio da família

O apoio da família é importante para o tratamento da depressão pós-parto. “A família pode ajudar até acolhendo e abrindo espaço para ela falar sobre esses sintomas (...) Como ter um filho é considerado uma dádiva, uma alegria, se espera que a mulher esteja muito bem, alegre. Então, muitas mulheres se sentem envergonhadas de estarem sentindo isso e escondem esses sintomas”, alertou o psiquiatra.