EDUCAÇÃO

Ministro da Educação critica mural de Paulo Freire

Críticas do ministro da Educação foram feitas após divulgação de que os estudantes brasileiros tiraram notas baixas no Pisa

Da Agência Brasil
Da Agência Brasil
Publicado em 03/12/2019 às 14:43
Rafael Carvalho/Agência Brasil
FOTO: Rafael Carvalho/Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta terça-feira (3) que o desempenho abaixo do esperado do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é responsabilidade dos governos anteriores. “Estamos estagnados desde 2009, estatisticamente com o mesmo desempenho no Pisa”, argumentou o ministro em coletiva de imprensa. “O governo do PT construiu [ao lado do ministério] a lápide da educação, que é o mural do Paulo Freire. Ele representa esse fracasso absoluto”, acrescentou.

“Em matemática, o Brasil ficou em último lugar na América do Sul, empatado com a Argentina. Em ciências ficou em último lugar, também da América do Sul, empatado com a Argentina e Peru. E em leitura ficamos à frente apenas de Argentina e Peru”, disse Weintraub. “É difícil piorar porque já estamos na parte de baixo da tabela”, complementou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes.

Divulgados hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Pisa aponta que, em 2018, o Brasil teve uma leve melhora nas pontuações de leitura, matemática e ciências. No entanto, apenas dois a cada 100 estudantes atingiram os melhores desempenhos em pelo menos uma das disciplinas avaliadas.

Aplicado em 79 países a 600 mil estudantes de 15 anos, o Pisa é referência mundial, em termos de avaliação dos estudantes. Na edição 2018, cerca de 10,7 mil estudantes de 638 escolas brasileiras fizeram as provas. O Brasil obteve, em média, 413 pontos em leitura, 384 pontos em matemática e 404 pontos em ciências. Na última avaliação, aplicada em 2015, o Brasil obteve, 407 em leitura, 377 em matemática e 401 em ciências.

Nesta edição, o desempenho na avaliação colocou o Brasil na 57ª posição, entre os 77 países e regiões com notas disponíveis em leitura; na 70ª posição em matemática; e na 64º posição em ciências, junto com Peru e Argentina, em um ranking com 78 países. China e Singapura lideram os rankings das três disciplinas.

“Nosso objetivo é mudar isso. Vocês vão ver que o ponto de inflexão será 2019, graças à nova política nacional de educação, aos treinamentos e capacitações que serão implementadas ano que vem, por meio da internet, e pela expansão do ensino em tempo integral”, disse Weintraub.

Ensino Técnico
As escolas técnicas também ajudarão o Brasil a melhorar seu desempenho nas próximas avaliações do Pisa, segundo Weintraub. “Cinquenta por cento dos jovens na Europa fazem ensino técnico. No Brasil, apenas 8%. O número caiu nos últimos anos, de 2 milhões para 1,8 milhão. Nós estamos aumentando para 3,4 milhões.”

O ministro destacou também o papel das escolas cívico militares para a melhora que ele prevê já no próximo levantamento em 2021. “O Brasil na média é uma tragédia, mas quando olhamos as escolas militares e cívico-militares, o Brasil está acima da média da OCDE.”

Por meio do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares: 54 escolas municipais e estaduais passarão, a partir da volta às aulas de 2020, a ter um novo modelo de gestão, que será compartilhada por professores e militares aposentados. A proposta do ministério é melhorar a disciplina em sala de aula para que o docente possa se dedicar à aplicação do conteúdo programático. Com a medida, o MEC pretende reduzir a evasão escolar, enfrentar questões ligadas ao bullying e a todo tipo de violência, e, consequentemente, aumentar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Até 2023, a ministério esperar ter 216 escolas funcionando nesse modelo.

Leitura

O Pisa é aplicado de três em três anos anos e, a cada edição, a ênfase é em uma das disciplinas. Nesta edição, o foco é em leitura. Em 2009, último ano, em que o foco foi em leitura, o Brasil obteve 412 pontos. De acordo com a OCDE, o Brasil não apresentou grandes saltos desde esse ano. “Depois de 2009, na matemática, assim como na leitura e na ciência, o desempenho médio pareceu flutuar em torno de uma tendência estável”, diz o relatório.

No Brasil, metade dos estudantes obteve pelo menos o nível 2 em leitura. Isso significa que esses estudantes são capazes de identificar a ideia principal de um texto de tamanho moderado e que podem refletir sobre o objetivo e a forma dos textos quando recebem instruções explícitas. Entre os países da OCDE, em média, 77% dos estudantes obtiveram esse desempenho.

Já os estudantes que obtiveram as melhores notas em leitura, que no Brasil representam apenas 2%, são capazes de compreender textos longos, lidar com conceitos abstratos e estabelecer distinções entre fato e opinião, com base em pistas implícitas relativas ao conteúdo ou fonte das informações. Entre os países da OCDE, 9% dos estudantes estão nos melhores níveis.