Em entrevista ao Passando a Limpo nesta quinta-feira (21), o professor e economista Sérgio Buarque analisou a dificuldade que as empresas brasileiras estão enfrentando para conseguir ajuda do governo federal durante a pandemia do novo coronavírus. Ele aponta que, além da falta de preparação para enfrentar o momento, tendo em vista que todos foram pegos de surpresa, os bancos públicos também não possuem estrutura para fazer o dinheiro chegar na ponta rapidamente, por meio do crédito, e isso tem dificultado a situação de diversas empresas.
“O crédito vai chegar tarde e algumas empresas nem voltam mais porque já fecharam, outras estão no seu limite. Os recursos estão sendo disponibilizados, mas não chegam na ponta. O problema é que em certa medida o sistema não estava preparado para essa situação, mas também tem a questão burocrática, que são inaceitáveis em uma situação de calamidade pública. Não podemos deixar paralisar o processo e atrasar tudo por questões burocráticas. É preciso que o governo busque alternativas rápidas pois já estamos atrasados para dar conta dessa situação", ponderou Buarque.
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De acordo com o economista, o governo precisa mecanismos para salvar as empresas e assim superar a crise com maior agilidade. “Neste momento, a gente tem que criar condições para que as empresas sobrevivam. É preciso respiradores e não só para os hospitais. A gente tem que ter 'respirador' para as empresas. É uma situação de emergência e é possível que algumas empresas recebam esse crédito e não sobrevivam. É um custo que tem que ser assumido. Neste momento tem que esquecer a agenda liberal e pensar em sair dessa crise para que a estrutura produtiva que foi montada fique intacta e assim poder se recuperar mais rápido”, afirmou Buarque.
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Alguns bancos estão reticentes em relação a garantia dos pagamento por parte das empresas. Por isso, estão exigindo garantia real e a cobertura dos avalistas. No entanto, Buarque indica que diante de um momento de calamidade pública, o governo precisa se tornar o avalista das empresas, especialmente nas negociações com os bancos públicos.
"Não pode chegar a uma altura dessa e ficar cobrando garantia real, avalista. O governo tem que ser o avalista e dar cobertura. Tem que buscar botar em campo os bancos com maior capilaridade de território que são basicamente os bancos públicos, como Caixa, Banco do Brasil e Banco do Nordeste. Esses bancos estão irradiados no território brasileiro. Se falir (empresas) é lamentável, mas a gente precisa ver uma forma de dar um apoio neste momento para ver aqueles que tem condições de se recuperar", finalizou.
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