Previsão

Pico de mortes por coronavírus no Brasil deverá ser até fim de agosto, avalia professor da UFPE

PhD em Estatística afirma que número de mortes no País é dado mais confiável em comparação aos casos registrados de infectados

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 29/05/2020 às 8:17
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Em entrevista à Rádio Jornal nesta sexta-feira (29), o professor Gauss Cordeiro, do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e PhD em Estatística pelo Imperial College, do Reino Unido, afirmou que as mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil são o grande balizador de como a pandemia está se comportando. Gauss acredita que o número de mortes no País ainda deve aumentar.

“O pico da curva é muito difícil de ser avaliado porque esse vírus tem dois tipos de comportamento de variáveis: um é temporal, que tem uma grande variabilidade, tanto que nenhum estatístico faz inferência com mais de 15 dias. Para se ter um nível de precisão de 95%, as previsões têm que ser curtas, de, no máximo, 15 dias. Então, o pico da curva de mortes deverá ocorrer na segunda metade de julho e o final de agosto", disse o professor.

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Com relação ao número de mortes, Gauss avalia que passaremos dos 100 mil óbitos até o fim de ano. “A situação no país é que nós temos uma média semanal de 1000 mortes por dia e está numa taxa de crescimento de 1.5%. Vamos chegar em 110 mil mortos, é o valor esperado em dezembro deste ano.”

Segundo o estatístico, a grande subnotificação de casos de covid-19, com a baixa testagem da população, provoca imprecisão para os pesquisadores de quando a curva de crescimento irá achatar.

“As pessoas se preocupam muito com casos confirmados. Em termos estatísticos, no Brasil, casos confirmados não indicam nada. Porque temos uma subnotificação muito grande. No Reino Unido, o pessoal do Imperial College estimava que, para cada caso confirmado de covid, nós tínhamos 19 infectados. Aqui no Brasil, é muito mais.Com a subnotificação dos testes, nós podemos ter, a cada caso confirmado, mais de 50. A única série confiável que nós temos é a média semanal de mortes.”

Confira a entrevista na íntegra:

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.