FATALIDADE

Segundo a polícia, criança que morreu ao cair de prédio no Recife estava procurando pela mãe

A mulher estava passeando com o cachorro dos patrões e teria deixado a criança sob os cuidados da patroa e de uma manicure que estava no apartamento

Atualizada no dia 4 de junho às 13h42
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às 13h42
Publicado em 03/06/2020 às 16:25
Reprodução/TV Jornal
FOTO: Reprodução/TV Jornal

De acordo com a investigação da Polícia Civil, o menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que morreu após cair do 9º andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau, um dos prédios no bairro de São José conhecido como "Torres Gêmeas", na área central do Recife, estava procurando a mãe quando caiu. A mulher trabalhava como empregada doméstica em um dos apartamentos e estava passeando com o cachorro dos patrões. A fatalidade aconteceu nesta terça-feira (2) e a Polícia Civil, nesta quarta-feira (3), autuou em flagrante pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar, a proprietária do apartamento onde o menino estava antes de cair.

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A mulher, que era empregadora da mãe de Miguel, teve a identidade preservada e foi parcialmente responsabilizada pela morte da criança. Como previsto em lei, ela pagou fiança - determinada pelo delegado Ramón Teixeira em R$ 20 mil - e foi liberada. As primeiras investigações apontam que a mulher teria permitido que o garoto subisse sozinho no elevador antes de cair do 9º andar - uma altura de 35 metros.

De acordo com a polícia, as imagens das câmeras de segurança foram a principal prova da "negligência" da mulher, como a polícia definiu. Os detalhes das etapas iniciais da investigação foram detalhados em videocoletiva de imprensa com o delegado que está à frente do caso, Ramón Teixeira, titular da Delegacia Seccional de Santo Amaro.

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No entanto, a investigação descartou qualquer relação da moradora com a queda da criança e o que provocou a sua morte. As imagens mostram que Miguel tentou entrar no elevador em busca da mãe, a empregada doméstica Mirtes Renata Santana da Silva. Na primeira vez ele foi detido pela mulher. Numa segunda tentativa, após a criança apertar no interruptor de vários andares, a moradora deixou o menino seguir no elevador e ficou apenas observando a porta do equipamento se fechar.

A morte

De acordo com o perito André Amaral, as imagens do circuito interno de segurança mostram que a criança saiu do quinto andar, entrou no elevador sozinho e subiu até o nono andar. Lá, ele teve acesso ao hall de serviço onde fica o condensador de ar condicionado. Ainda segundo o perito, o menino teria escalado o guarda peito de metal e caiu de uma altura de 35 metros. “Tinha marca de sandália e caracteriza de 1,20 m que é a altura da vítima”, disse. “A área de acesso lá [no 9º andar], a janela estava aberta, não tinha nenhuma proteção, qualquer pessoa tem acesso, mas não era uma coisa comum ter um acesso a uma criança naquele trecho (...) Verificamos que se trata de uma natureza acidental”, completou.

Testemunhas relataram que o menino estava procurando a mãe. “O pessoal fala que ele estava chamando a mãe”, contou.

Segundo a mãe de Miguel, o acidente foi muito rápido e aconteceu no momento em que ela havia decido o prédio para passear o cachorro dos patrões. A mulher também afirmou que tinha deixado o filho no apartamento com a dona da casa e uma manicure.

O corpo da vítima foi liberado do Instituto de Medicina Legal (IML) na manhã desta quarta-feira (3) e o sepultamento aconteceu nesta tarde no cemitério de Bonança, distrito de Moreno.

Depoimentos

A mãe da criança prestou depoimento na Delegacia de Santo Amaro, ainda na terça-feira. Os patrões dela também foram ouvidos e um representante da empresa que instalou as câmeras de segurança do prédio.

Após ser ouvida, a mãe foi levada para a casa de familiares em Jaboatão dos Guararapes.

Os donos do apartamento saíram horas depois. Eles montaram um esquema para saírem da delegacia em dois carros e não responderem às perguntas da imprensa.