Natureza

Conheça curiosidades sobre a nuvem de gafanhotos

Nuvem de gafanhotos avança pela América do Sul e tem chances de chegar ao Brasil, consumindo plantações e colheitas das mais diversas; agrônoma da Embrapa fala desse fenômeno

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 26/06/2020 às 10:12
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FOTO: Reprodução/Twitter

Em entrevista ao Passando a Limpo nesta sexta-feira (26), a agrônoma da Embrapa Alineaurea Florentino falou das características de uma nuvem de gafanhotos, com cerca de 40 milhões deles, que está avançando pela América do Sul - passou pela Argentina, está no Paraguai e pode chegar ao Brasil - e os cuidados que as autoridades estão tendo com relação ao fenômeno.

“Nós estamos vivendo em meio a várias crises e, uma delas, reflete exatamente a essa chegada que pode acontecer dessa nuvem de gafanhoto, que saiu lá do Paraguai, está migrando para o lado da Argentina e pode ser que atinja o território brasileiro.”

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Os especialistas avaliam que, neste momento, há chances de um desvio da nuvem por causa das baixas temperaturas na região Sul do Brasil, mas, mesmo assim, um alerta foi emitido, com a declaração de emergência fitossanitária, nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

"Nós estamos percebendo, olhando os mapas do Inmet, é possível que a chegada de um ar polar represente uma baixa de temperatura e, com isso, a migração desses gafanhotos poderá ser revertida ou não seja tão avançada, digamos assim", disse Alineaurea.

Segundo a especialista, o fenômeno da formação da nuvem não é incomum, mas um resultado de um desequilíbrio ambiental, com o desmatamento e a retirada da vegetação nativa, interferindo na ação de uma série de inimigos naturais, como sapos, pássaros e outros animais que consumiriam esses gafanhotos, fazendo com que eles tenham o voo livre para aumentar a sua população.

“Já ocorreram várias nuvens, tanto na região da África como nessa região do Paraguai, Uruguai. É bem comum, no sentido de que, a cada três anos, acontece uma situação como essa. Mas esse desequilíbrio que se fala, que pode estar, digamos, estimulando a multiplicação desses gafanhotos, ele tem uma ajudazinha do clima. Nós estamos vivendo um momento em que o clima na região do Paraguai, que aqueceu um pouco e, com esse aquecimento, a multiplicação e a migração deles ficou mais intensa. A questão climática interfere muito na migração desses insetos"

Velocidade e alimentação

A agrônoma explica que a rapidez com que a nuvem se movimenta é grande, gerando preocupação para os agricultores, já que os gafanhotos se alimentam de diversas plantações.

"A velocidade da nuvem é alta. Eles caminham muito rápido, numa velocidade em torno de 150 km por dia. Imagine, é como se eles fossem do Recife para João Pessoa dentro de um dia. Ele come exatamente os vegetais, não se alimenta de outra coisa. Ele não é só uma praga para o milho, para o trigo, é uma praga para várias culturas que estiverem em campo. E a nossa preocupação também é que essa nuvem vem se multiplicando, colocando suas larvas, crescendo a cada dia. Se ela não for, realmente, barrada, poderá acontecer não só agora, mas futuramente também, a volta deles, que ficam no solo, para ocupar outros espaços e migrar para onde tiver alimento."

Confira a entrevista na íntegra: