Economia

"Não há limitação de gastos na pandemia", diz economista Delfim Netto

Ex-ministro da Fazenda, economista acredita que é papel fundamental do estado encontrar soluções que reduzam os dados causados pela pandemia

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 27/07/2020 às 10:09
Reprodução/Rádio Jornal
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal

Em entrevista ao Passando a Limpo nesta segunda-feira (27), o economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto falou da condução do governo brasileiro diante da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. O economista criticou a atuação tardia do presidente Jair Bolsonaro de se entender com o Congresso Nacional.

"Ele cometeu um grave erro com o comportamento que ele tá tendo hoje, depois de 18 meses de governo. Ele tá fazendo o que deveria ter feito em novembro de 2018. Ele não foi eleito pela maioria, o seu partido não chegou a ter 10% do Congresso. Ora, em qualquer república democrática, onde vive o Estado de Direito, o que acontece quando alguém é eleito sem maioria absoluta? Ele tendia ao Congresso, que foi eleito junto com ele, discutir com alguns partidos que ele escolhesse, produzir um novo projeto, não aquele projeto da ‘não política’, e dividir esses partidos não só o novo programa, mas o poder. A ideia de que distribuir o poder com o Congresso é pecaminoso, produz a corrupção, é negar a política. O problema do Bolsonaro é que ele começou com uma ideia errada, com a pior Casa Civil que a história do Brasil já teve. Depois a coisa agora melhorou um pouco e ele também está tentando construir um equilíbrio com o Congresso.”

Para Delfim Netto, é papel fundamental do estado encontrar soluções que reduzam os dados causados pela pandemia, principalmente as mortes e que, para isso, não deve haver limites de gastos. "Qual a maior obrigação moral do estado? É reduzir o número de óbitos na pandemia. Por isso em 2020 não há nenhuma restrição fiscal. Não há limitação de gastos na pandemia."

O economista também falou dos problemas ambientais brasileiros, como a questão do desmatamento e queimadas na Amazônia, e criticou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo Delfim, o Brasil está sendo visto negativamente pelo mundo. "Esse Salles é um desastre. Não entendemos que a maior preocupação do mundo é o aquecimento global. Por culpa do governo, nós nos tornamos um pária internacional, coisa que nós não somos."

Confira a entrevista na íntegra: