PANDEMIA

UFPE defende que municípios de Pernambuco adotem testes RT-PCR para diagnosticar covid-19

O teste RT-PCR é considerado padrão ouro para diagnosticar a covid-19 e é o exame recomendado pela OMS

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 10/08/2020 às 17:00
Reprodução/Rádio Jornal
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal

Uma nota técnica elaborada por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) defende a prevalência dos testes RT-PCR nos diagnósticos da covid-19 nos municípios de Pernambuco. Segundo a pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica da UFPE, Michelly Pereira, esse é o método considerado padrão ouro para diagnóstico do novo coronavírus.

“Ele é um método padrão ouro indicado para o diagnóstico na fase aguda, ou seja, quando o paciente está com os sintomas. Ele mostra que o paciente está com o vírus, enquanto o teste sorológico, que é por detecção de anticorpos, mostra se o paciente já teve contato com o vírus. O teste PCR em tempo real é mais sensível. Ele tem uma especificidade, uma sensibilidade maior em relação ao teste sorológico”, explicou.

Segundo a pesquisadora, o teste RT-PCR é o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "O que a gente tem observado é que muitos municípios, não só aqui em Pernambuco, têm adotado o teste sorológico como o teste padrão para o diagnóstico. No entanto, o teste recomendado pela OMS é a PCR em tempo real, é ela que consegue detectar o vírus no paciente, a presença dele ou não”, disse.

Convênio com a Amupe

Em junho, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) firmaram parceria, para a realização de testes do novo coronavírus. O convênio tinha o objetivo de ampliar o diagnóstico da covid-19 em 107 municípios do estado, bem como contribuir para a formação de um biorrepositório de amostras biológicas para estudos da doença, o que viabiliza outras ações de pesquisa e inovação para o enfrentamento da pandemia.

"Hoje a gente já realizou mais de cinco mil testes moleculares PCR em tempo real de pacientes provenientes destes municípios. A AMUPE organizou todo o fluxo. A mostra deste algodão, que é o swab, que você retira secreção da nasofaringe é encaminhada para o Recife, o LACEN (Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco) recebe essa amostra e encaminha para a UFPE”, contou a pesquisadora explicando que, a partir daí, o material é analisado pelos pesquisadores.

Michelly Pereira explica a importância da testagem em massa com o exame RT-PCR. “A importância da testagem em massa é você ter um perfil, um número exato de pessoas infectadas até para evitar a transmissão. Quando o paciente é detectado positivo ele tem que se isolar por no mínimo 14 dias até passar os sintomas (...) Quanto mais testes forem realizados, maior certeza a gente vai ter do real número que se tem. Para os municípios, é super importante ter esses dados para melhor tomada de decisão”, destacou.

Ainda segundo a pesquisadora, "os municípios devem orientar a população a continuar em isolamento, a manter todas as medidas de higiene, de uso de máscara" e destacou que, mesmo em caso de resultado negativo, a pessoa que tiver sintomas deve permanecer isolada. “Mesmo o teste PCR dando negativo, e ele estiver com os sintomas clássicos, febre, dor muscular, perda de olfato, que são os sintomas mais característicos da parte leve da covid-19, esse paciente deve permanecer isolado, porque o que vai definir a retirada dele do isolamento é o fim desses sintomas clínicos", afirmou.

De acordo com a pesquisadora, Pernambuco "já está com uma capacidade grande de realização desses testes". Ela pediu que os gestores públicos continuem priorizando a testagem em massa.