
Na próxima segunda-feira (31) o aparecimento de manchas de óleo no litoral brasileiro, completa um ano. O derramamento causou um desastre econômico e socioambiental que, quase 365 dias depois, ainda causa problemas a muita gente. Pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) fizeram um amplo levantamento sobre o desastre nos nove estados nordestinos atingidos pelo derramamento de óleo.
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Segundo o coordenador do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social da Fundaj, Neison Freire, a origem do petróleo que afetou a costa brasileira ainda é um mistério. “Não sabemos da origem desse material, há muitas hipóteses”, disse. "É uma questão muito complexa. Eu acho que [a pesquisa] precisa continuar porque os danos foram enormes e não podemos admitir que isso ocorra novamente. Como não sabemos a origem, não sabemos que quantidades vazaram e se o que apareceu representa a metade, por exemplo, do que vazou. Não sabemos se algo mais está por vir. Essas dúvidas devem ser respondidas pela ciência, pela pesquisa", completou.
O pesquisador alerta que uma parte do material continua no meio ambiente. “Foi retirada uma parte desse material. Houve um esforço de voluntários e do Exército muito grande. Mas uma parte ficou e não é possível retirar. Esse material é de difícil decomposição na natureza (...) Eles estão presentes nos corais, recifes, manguezais, ele se fragmenta. Então, ainda vão existir desdobramentos sobre esse desastre. Manchas menores têm aparecido recentemente em algumas praias e tudo indica ser um desprendimento do que estava depositado nos corais”, disse.
Impactos econômicos
De acordo com ele, a pesquisa entrevistou quatro mil pessoas dos nove estados do Nordeste, já que todos foram atingidos pelo derramamento de óleo. “Esses grupos que nós entrevistamos foram diretamente impactados pelo petróleo – pescadores artesanais, marisqueiras, donos de bares, restaurantes, hotéis, pousadas, ambulantes. O que nós percebemos é que houve um grande impacto ao meio ambiente, que ainda persiste. Mas também impactos econômicos e sociais, principalmente para as populações de alta vulnerabilidade social. Aquelas pessoas que já vinham de uma situação precária, tanto de habitabilidade quanto econômica e financeira, que foram agravadas por estarem impossibilitados de exercerem suas atividades (...) e agora se sobrepõe um novo desastre que é a pandemia da covid-19”, detalhou.
Entre os pescadores artesanais, a pesquisa revela que a perda de renda teve uma queda em média de 42% e entre os ambulantes de 82%.







