MEIO AMBIENTE

Pesquisador da Fundaj diz que origem de óleo que atingiu litoral nordestino ainda é desconhecida

Há quase um ano, o litoral nordestino foi fortemente atingido por um grande volume de óleo

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 28/08/2020 às 18:56
Bruno Campos/JC Imagem
FOTO: Bruno Campos/JC Imagem

Na próxima segunda-feira (31) o aparecimento de manchas de óleo no litoral brasileiro, completa um ano. O derramamento causou um desastre econômico e socioambiental que, quase 365 dias depois, ainda causa problemas a muita gente. Pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) fizeram um amplo levantamento sobre o desastre nos nove estados nordestinos atingidos pelo derramamento de óleo.

Segundo o coordenador do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social da Fundaj, Neison Freire, a origem do petróleo que afetou a costa brasileira ainda é um mistério. “Não sabemos da origem desse material, há muitas hipóteses”, disse. "É uma questão muito complexa. Eu acho que [a pesquisa] precisa continuar porque os danos foram enormes e não podemos admitir que isso ocorra novamente. Como não sabemos a origem, não sabemos que quantidades vazaram e se o que apareceu representa a metade, por exemplo, do que vazou. Não sabemos se algo mais está por vir. Essas dúvidas devem ser respondidas pela ciência, pela pesquisa", completou.

O pesquisador alerta que uma parte do material continua no meio ambiente. “Foi retirada uma parte desse material. Houve um esforço de voluntários e do Exército muito grande. Mas uma parte ficou e não é possível retirar. Esse material é de difícil decomposição na natureza (...) Eles estão presentes nos corais, recifes, manguezais, ele se fragmenta. Então, ainda vão existir desdobramentos sobre esse desastre. Manchas menores têm aparecido recentemente em algumas praias e tudo indica ser um desprendimento do que estava depositado nos corais”, disse.

Impactos econômicos

De acordo com ele, a pesquisa entrevistou quatro mil pessoas dos nove estados do Nordeste, já que todos foram atingidos pelo derramamento de óleo. “Esses grupos que nós entrevistamos foram diretamente impactados pelo petróleo – pescadores artesanais, marisqueiras, donos de bares, restaurantes, hotéis, pousadas, ambulantes. O que nós percebemos é que houve um grande impacto ao meio ambiente, que ainda persiste. Mas também impactos econômicos e sociais, principalmente para as populações de alta vulnerabilidade social. Aquelas pessoas que já vinham de uma situação precária, tanto de habitabilidade quanto econômica e financeira, que foram agravadas por estarem impossibilitados de exercerem suas atividades (...) e agora se sobrepõe um novo desastre que é a pandemia da covid-19”, detalhou.

Entre os pescadores artesanais, a pesquisa revela que a perda de renda teve uma queda em média de 42% e entre os ambulantes de 82%.

Bruno Campos/JC Imagem
Voluntários retiram manchas de óleo do litoral pernambucano - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Grupo trabalha para retirar o óleo na foz do Rio Persinunga, na divisa entre Pernambuco e Alagoas - FOTO:Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Depois de chegar em Alagoas, manchas de óleo seguiram para São José da Coroa Grande (PE) - FOTO:Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Bruno Campos
Manchas de óleo invadem Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Bruno Campos
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Manchas de óleo chegam a uma das principais praias do litoral nordestino, a dos Carneiros - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem
Bruno Cezar
Visão da Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Bruno Cezar
Jefferson Nascimento/TV Jornal Interior
Óleo recolhido da Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Jefferson Nascimento/TV Jornal Interior
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Voluntários atuam na Praia dos Carneiros, em Tamandaré - FOTO:Bruno Campos/JC Imagem