No Passando a Limpo desta terça-feira (8), o cientista do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Gauss Cordeiro, explicou sobre a imunidade de rebanho no novo coronavírus e os riscos das aglomerações que aconteceram no feriadão de sete de setembro no país. Segundo ele, os casos da doença tendem a aumentar nas próximas três semanas.
"Estamos longe da imunidade de rebanho, pois ela é baseada em um termo estatístico chamado de 'curva logística' e o coronavírus não segue bem esse modelo estatístico como outras patologias", pontuou. Segundo ele, a imunidade rebanho, quando o número de pessoas imunes a uma infeccção chega a um nível que freia sua disseminação, só acontece quando 65% a 70% da população está infectada e em Pernambuco estudos apontam que há 30% a 36% da população infectada pelo vírus.
"Acredito que a taxa de contágio deve ter sido reduzida, mas não ao ponto de não haver um crescimento amplo de casos confirmados nas próximas semanas", completou.
Brasil
No cenário brasileiro, o cientista relatou que o número da curva não teve redução. "Com o número de casos confirmados no país, percebe-se que a curva brasileira sempre esteve entre 900 a 1.100 casos".
Em Pernambuco, Gauss também aponta que média de casos confirmados não teve redução. No entanto, na curva de óbitos, principalmente na Região Metropolitana do Recife, houve uma diminuição notória.
Nessa segunda-feira (7), a capital pernambucana não registrou nenhum óbito decorrente de coronavírus. Mas registrou inúmeras aglomerações em praias, bares e restaurantes. "Desde o começo da pandemia não aconteceu nada igual no país relativo a esse feriadão".
Novos casos
Segundo o cientista, há três semanas será possível observar um aumento na curva de infectados e de óbitos, causados pelas aglomerações no feriadão.
"Não existe nenhuma garantia que a curva de óbitos em Pernambuco continue decrescente, porque se irá aumentar o número de casos, o número de vítimas, por consequência, também irá crescer".
Ouça a entrevista na íntegra: