PASSANDO A LIMPO

Chefe do Setor de Queimados do Hospital da Restauração, no Recife, alerta para o risco de acidentes domésticos

Segundo o médico Marcos Barreto, acidentes domésticos são uma das principais causas dos pacientes no setor

Larissa Lira
Larissa Lira
Publicado em 17/09/2020 às 10:50
Bruno Campos/JC IMAGEM
FOTO: Bruno Campos/JC IMAGEM

No Passando a Limpo, desta quinta-feira (17), o chefe do Setor de Queimados do Hospital da Restauração de Pernambuco, Marcos Barreto, alertou para o risco de acidentes domésticos. Nessa quarta-feira (16), um incêndio ocasionou a morte de uma criança de dois anos e deixou outra, de oito anos, com 90% do corpo queimado, que não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.

Segundo o médico, acidentes domésticos são uma das principais causas dos pacientes no setor. "Esses acidentes são comuns e acontecem com frequência. Isso ocorre principalmente nas casas onde a construção é mal feita ou onde se puxa a instalação de qualquer jeito. Outro exemplo que ocasiona muitas queimaduras é o uso de benjamins com vários aparelhos domésticos. A quantidade de crianças que chegam aqui no Setor por causa desses acidentes é enorme", explicou. Como exemplo, o entrevistado utilizou o caso do incêndio que aconteceu no cordeiro e ocasionou a morte das duas crianças.

Acidentes domésticos

Marcos Barreto também alertou para outros tipos de acidentes e destacou que muitos deles são causados pelo 'jeitinho brasileiro'.

"Temos paciente que perderam até a calota craniana porque estava em cima de uma laje fazendo um serviço e a cabeça bateu em um fio de alta tensão. Ou seja, ele começou a fazer uma construção em uma área indevida. Para servir de exemplo, todos os pacientes que temos agora no setor de queimados do HR são adultos. Ou seja, querem fazer o que não sabem ou utilizam o 'jeitinho brasileiro' para fazer", destacou.

Queimaduras com álcool durante a pandemia

Durante a pandemia do novo coronavírus, o uso do álcool se tornou constante para higienização das mãos e objetos diários. Pernambuco, por exemplo, é o terceiro estado com vítimas de queimaduras ocasionadas pela substância, no mês de agosto.

"Com a pandemia foi liberado de forma assustadora e sem orientação o uso do álcool 70%. Não foi explicado a população que se ela possui água e sabão em casa, o álcool deve ser usado em quantidades mínimas e em maçanetas, por exemplo. Mas todo mundo achou que a substância é o que funciona e, por isso, muitas pessoas tomaram banho de álcool. Nestes meses, foram registrados 560 pacientes internados com lesões graves por causa das queimaduras causadas pela substância. Esse número, no entanto, é de quem ocupou um leito. Se fôssemos contar os casos mais simples, esse número seria infinitamente maior", concluiu.

Ouça a entrevista na íntegra: