A epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização Carla Domingues defendeu nesta quinta-feira (14) o uso da vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em São Paulo, contra a covid-19. Nos últimos dias, a fórmula foi questionada por apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, pelo percentual de eficácia global do imunizante, que é de aproximadamente 50,4%. Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia orientado que as vacinas precisariam ter, no mínimo, 50% de eficácia - o que a CoronaVac tem.
“A OMS definiu que as vacinas a partir de 50% teriam uma ação importante na saúde pública. Nós temos de olhar o lado positivo. Temos uma vacina que vai ser produzida em território nacional, que pode ser acondicionada de acordo com a nossa cadeia de freezer de 2 a 8ºC, uma vacina que vai poder ser rapidamente distribuída para a população e que protege, daqueles que foram vacinados, 50% vão estar protegidos e os outros 50% podem adoecer, mas nós não sabemos se vão adoecer. Mas se possivelmente eles adoeçam, os estudos já mostraram que essa vacina vai proteger contra a gravidade. Os dados ainda não são robustos, mas, sim, tudo indica que ela vai ser uma vacina protetora da gravidade”, afirmou Domingues, em entrevista ao Passando a Limpo, na Rádio Jornal.
Para explicar, a especialista fez uma comparação com a vacina contra a gripe, que todos os anos é aplicada na população. “A vacina de gripe tem uma proteção de 50 a 60%, mas qual é o objetivo da vacinação da gripe? É diminuir gravidade e óbito. E essa vacina tem um poder muito importante para isso. Então, essa vacina da CoronaVac tem essa possibilidade. Nesse momento, a gente está falando que 50% das pessoas vacinadas vão estar produzidas. 200 mil pessoas que adoeceram, possivelmente, a gente poderia ter protegido 100 mil. Então, a gente desafogaria o sistema hospitalar em 100 mil, que não teria procurado o sistema de saúde. É uma cadeia que a gente vai poder se beneficiar na frente”.
A especialista comemorou o anúncio. “Ainda bem que temos uma vacina que vai proteger 50% da população neste momento e que vai poder contribuir para diminuir a gravidade, que é o que queremos neste momento. Diminuir as filas enormes nos hospitais, pedindo UTI e, infelizmente, fazendo com que as pessoas cheguem a óbito”, afirmou.
Confira a entrevista na íntegra:
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