O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu, nesta quarta-feira (27), as críticas sobre os gastos elevados com leite condensado no Executivo com ofensas à mídia e o compartilhamento de um texto que tenta justificar as despesas. Bolsonaro fez os xingamentos à imprensa durante um almoço em uma churrascaria de Brasília, em evento com a presença de ministros como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Gilson Machado (Turismo), além de personalidades que apoiam o presidente.
Nessa terça-feira (26), as redes sociais e parlamentares de oposição repercutiram uma reportagem do portal Metrópoles, que apontava gastos do Executivo com alimentos supérfluos como chicletes, bombons, e, principalmente, leite condensado, que mais chamou a atenção por ser um item que o presidente da República gosta de passar no pão no café da manhã.
Segundo a matéria, o Executivo gastou R$ 15,6 milhões só com leite condensado em 2020.
"Quando eu vejo a imprensa me atacar, dizendo que eu comprei 2,5 milhões de latas de leite condensado", disse Bolsonaro durante o almoço no restaurante localizado na Vila Planalto. "Vai pra put* que o pari@!", completou depois, sendo aplaudido pelos presentes, que incluíam os cantores Amado Batista e Rick, da dupla sertaneja Rick & Renner.
O PSOL protocolou, nessa terça-feira (26), uma ação na Procuradoria-Geral da República, pedindo ao procurador Augusto Aras que investigue esses gastos.
O deputado David Miranda (PSOL-RJ) protocolou o documento pedindo a investigação. A ação pede que sejam apurados os gastos dos presidente e ele seja responsabilizado.
Ação também está assinada pela deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Vivi Reis (PSOL-PA).
"Bolsonaro gastou mais de R$ 1,8 milhões de reais em mercado. Isso só em 2020. O Brasil não estava quebrado? Quantos cilindros de oxigênio esse valor compraria? Isso é lavagem? Superfaturamento?", questiona o deputado à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
"Ainda há que se falar do desmonte das políticas de segurança alimentar e nutricional e soberania alimentar. Nesse sentido, esse desmonte vai ao encontro do agravamento das condições de vida da população pobre, que ficou completamente desprovida de assistência, gerando, assim, um quadro de crescimento da pobreza e abandono", diz Miranda.
Os gastos foram revelados em reportagem do portal Metrópoles. As informações apontam que o valor equivale a um aumento de 20%, em relação a 2019.
Entre os produtos adquiridos estão R$ 2,5 milhões em vinhos para o Ministério da Defesa e R$ 2,2 milhões em gomas de mascar.
Também há R$ 5 milhões na compra de uvas passas, R$ 1 milhão em alfafa, R$ 15 milhões em açúcar, R$ 16,5 milhões em batata frita embalada, entre outros itens entre alimentos e bebidas.
O caso viralizou nas redes sociais. O termo "leite condensado" segue nos trending topics do Twitter, lista que indica os temas em alta na rede social, assim como o preço do produto, na lista de compras: R$ 162,00.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) anunciou que vai começar uma mobilização entre parlamentares na Câmara Federal para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o gasto de R$ 1,8 bilhão com produtos de supermercado pelo governo Bolsonaro.
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