Gastos públicos

Após polêmica de R$ 15 milhões gastos com leite condensado, Governo Federal explica

Caso viralizou nas redes sociais como "farra do leite condensado"; governo gastou R$ 1,8 bilhões com alimentos, dos quais R$ 15 milhões foram com o produto

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 28/01/2021 às 9:08
Reprodução/Arquivo pessoal
FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal

O Ministério da Defesa divulgou, nessa quarta (27), uma nota à imprensa para esclarecer os gastos das Forças Armadas com alimentação.

Nesta semana, os gastos do Governo Federal com compras de alimentos, especialmente o leite condensado, viralizaram na mídia e nas redes sociais.

Segundo o ministério, os valores são compatíveis com as tarefas das tropas.

Bolsonaro xinga a imprensa

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rebateu, nessa quarta-feira (27), as críticas sobre os gastos elevados com leite condensado no Executivo, com ofensas à mídia e o compartilhamento de um texto que tenta justificar as despesas.

Bolsonaro fez os xingamentos à imprensa, durante um almoço em uma churrascaria de Brasília, em evento com a presença de ministros como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Gilson Machado (Turismo), além de personalidades que apoiam o presidente.

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Gastos do governo

Os gastos foram revelados em reportagem do portal Metrópoles. As informações apontam que o valor equivale a um aumento de 20%, em relação a 2019.

Entre os produtos adquiridos estão R$ 2,5 milhões em vinhos para o Ministério da Defesa e R$ 2,2 milhões em gomas de mascar.

Também há R$ 5 milhões na compra de uvas passas, R$ 1 milhão em alfafa, R$ 15 milhões em açúcar, R$ 16,5 milhões em batata frita embalada, entre outros itens entre alimentos e bebidas.

O caso viralizou nas redes sociais. O termo "leite condensado" ficou nos trending topics do Twitter, lista que indica os temas em alta na rede social, assim como o preço do produto, na lista de compras: R$ 162,00, na terça (26) e quarta (27).

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Lei

De acordo com o Ministério da Defesa, os militares não recebem nenhum valor referente ao pagamento de auxilio alimentação, sendo obrigatória, por lei, a disponibilização de alimentação aos que estão em atividade.

Gastos diários

Segundo o ministério, desde 2017, o gasto diário com a compra de alimentos é de R$ 9 por militar, valor que não é reajustado há três anos, e que é usado para custear o café da manhã, almoço e o jantar dos militares que compõem as Forças Armadas.

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Leite condensado

Sobre a compra de itens como leite condensado, o ministério explicou que o produto pode ser usado para substituir o leite comum, devido ao seu alto potencial energético e melhor conservação em altas temperaturas.

Gomas de mascar

No caso da compra de gomas de mascar, o ministério afirmou que o produto é usado na higiene bucal, quando ocorre a impossibilidade de escovação, e para aliviar os efeitos da pressão, durante a atividade aérea.

Em todo o país, o efetivo é de 370 mil militares, que estão alocados em 1,6 mil organizações militares.

Investigação

O PSOL protocolou, nessa terça-feira (26), uma ação na Procuradoria-Geral da República, pedindo ao procurador Augusto Aras que investigue esses gastos.

O deputado David Miranda (PSOL-RJ) protocolou o documento pedindo a investigação. A ação pede que sejam apurados os gastos dos presidente e ele seja responsabilizado.

Ação também está assinada pela deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Vivi Reis (PSOL-PA).

"Bolsonaro gastou mais de R$ 1,8 milhões de reais em mercado. Isso só em 2020. O Brasil não estava quebrado? Quantos cilindros de oxigênio esse valor compraria? Isso é lavagem? Superfaturamento?", questiona o deputado à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

"Ainda há que se falar do desmonte das políticas de segurança alimentar e nutricional e soberania alimentar. Nesse sentido, esse desmonte vai ao encontro do agravamento das condições de vida da população pobre, que ficou completamente desprovida de assistência, gerando, assim, um quadro de crescimento da pobreza e abandono", diz Miranda.

Mobilização nas redes sociais

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) anunciou que vai começar uma mobilização entre parlamentares na Câmara Federal para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o gasto de R$ 1,8 bilhão com produtos de supermercado pelo governo Bolsonaro.

 

O ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) também mostrou sua indignação com os gastos do presidente e usou sua conta no Twitter para dizer que vai entrar na Justiça para pedir explicações sobre os gastos de Bolsonaro com alimentação.

 

Aderindo ao movimento, a Deputada Federal Tábata Amaral (PDT) afirma que entrou com uma ação para que o TCU (Tribunal de Contas da União) investigue os gastos do presidente.

 

Piadas

Os internautas não perdoaram e, além das críticas, veio a tradicional chuva de memes, satirizando a situação.