COVID-19

Mandetta teme por megaepidemia da variante da covid-19 e critica Governo: 'sabotam a prevenção'

Ex-ministro da Saúde diz que nos próximos 60 dias será possível observar o desenvolvimento da nova cepa desenvolvida no Brasil

Rádio Jornal
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Publicado em 28/01/2021 às 17:11
Marcelo Camargo/Agência Brasil
FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está bastante temeroso que a variante do coronavírus, que foi detectada primeiramente na cidade de Manaus, possa acabar provocando uma megaepidemia nos próximos dois meses. Em entrevista ao programa Balanço de Notícias, da Rádio Jornal, o médico que fez parte do ministério do atual Governo - deixou o cargo após divergências com o presidente na forma como estava sendo conduzida o combate à pandemia da covid-19 - criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro no combate ao coronavírus.

"O Ministério da Saúde é um ente ausente. A posição do Governo Federal foi de retirar o Ministério da Saúde de qualquer enfrentamento à pandemia. Temos uma crise na prevenção, onde mais uma vez, o presidente fala contra qualquer tipo de não aglomeração. Ele quer que aglomere. Na cabeça dele, ele acha que todos devem pegar a doença e que o número de mortes é fatalismo. O Ministério da Saúde não fala nada e sabotam a prevenção", declarou Luiz Henrique Mandetta.

Com relação a possível megaepidemia que estaria se formando no Brasil, o ex-ministro da saúde explicou a sua preocupação. "Havia relatos de profissionais de saúde de Manaus, mas sem confirmação técnica, que esse surto epidêmico que passaram em dezembro foi de um crescimento acelerado e de acometimento horizontal, rápido. E precisou que o Japão, do outro lado do mundo, testasse algumas pessoas do seu país que estava na zona franca de Manaus e retornam ao Japão. Para eles entrarem no país, foram testados e identificaram que uma cepa que tem 13 modificações em relação ao anterior e que está sendo avaliada e se chegando a conclusão que é muito mais transmissível do que a cepa até então circulante. O vírus teve uma mutação na proteína onde ele se liga. Com isso, imediatamente, países do mundo inteiro estão fazendo suas análises e fechando voos do Brasil... Portugal, Alemanha, Inglaterra não permitem a entrada de brasileiros para não ter mais uma cepa, agora, de maior transmissibilidade", contou o médico.

O receio de Luiz Henrique Mandetta é que, no Brasil, os pacientes que apresentaram essa variante da covid-19 foram transferidos para diversos estados do Brasil, o que pode acarretar no espalhamento do vírus. "Vimos o drama de Manaus no colapso do sistema de Saúde, com falta de oxigênio... Dizem que foi por excesso de pacientes causados por essa nova cepa. E, como resposta política desse colapso, vimos pacientes sendo transferidos para vários estados da Federação: Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, não sei se aí para Pernambuco também. Se não faz o protocolo de isolamento, para atender esses pacientes, vai ficar essa muda plantada nas localidades e vai prevalecendo os espirais de novos casos. Vamos assistir isso nos próximos 60, 90 dias de qual vai ser o comportamento da nova cepa num País que a vacinação está muito devagar", apontou o ex-ministro da Saúde.

Confira a entrevista de Luiz Henrique Mandetta