Pesquisa: Para 80% dos médicos, segunda onda de covid-19 pode ser pior que primeira

A pesquisa foi divulgada pela Associação Médica Brasileira; profissionais observam alta no números de mortes por covid-19 (novo coronavírus)
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 03/02/2021 às 8:22
Médicos e outros profissionais de saúde serão contratados temporariamente pelo governo federal no combate ao coronavírus Foto: Rovena Rosa/ABr


Uma pesquisa divulgada pela Associação Médica Brasileira (AMB) revelou que, para 80% dos médicos, a segunda onda da covid-19 no Brasil será tão ou mais grave que a primeira.

70% dos profissionais observam tendência de alta, no número de mortes.

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Índice de contaminação

Com o coronavírus, o índice de contaminação ficou muito acima do que ocorreu com outras doenças.

O presidente da Associação Médica Brasileira, César Eduardo Fernandes, compara o surto da covid-19 com a epidemia de meningite, que atingiu o Brasil, há quase 50 anos:

"Nenhum dos meus colegas, que eu me lembre, foi infectado pelo meningococo. Hoje, o número é brutal porque essa doença é altamente transmissível, daí, a tragédia dos números da pandemia".

Além disso, 7 a cada 10 médicos citam casos de pacientes infectados que apresentam sequelas após a cura

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A pesquisa

A pesquisa, feita com quase 3.900 médicos, mostrou que, entre os que atuam na linha de frente, muitos já percebiam, no começo do mês passado, o aumento de casos (91,5%) e de mortes (69,1%).

Questionados sobre a atuação do Ministério da Saúde na crise, mais da metade avaliam como ruim ou péssima. De cada 10 médicos, 7 não acreditam que o sistema de saúde será tratado com mais prioridade, mesmo depois de todas as fragilidades expostas na pandemia.

97,5% vão se vacinar e orientar pacientes a também o fazerem. Quase 25% dos médicos pesquisados já tiveram Covid-19.

3 em cada 10 consideram que as autoridades de Saúde não estão aplicando adequadamente uma só medida, e 76,10% veem inadequações nas orientações de isolamento, 80% em relação à necessidade de ventilação de ambientes, 56% insuficiências no tocante a evitar aglomerações, 88,6% no rastreamento aos contactantes e 76,10% inadequações no quesito campanha para busca de serviços de Saúde, em caso de sintomas.

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8 em cada 10 veem equívoco na desativação dos hospitais de campanha

A amostra da pesquisa traz 55,3% de médicos e 44,7% de médicas, totalizando 3.882 profissionais de Medicina. Eles foram inqueridos sobre a desativação dos hospitais de campanha, algo que ocorreu por todo o Brasil nos meses finais de 2020. O entendimento de 81,4% é de que tal decisão foi equivocada.

Distanciamento da população da prevenção

Outra consequência relacionada às fake news e à desinformação proposital se dá no descomprometimento de parcela da população com as medidas de prevenção ao novo coronavírus. Os médicos foram questionados sobre como avaliam a resposta às orientações para o uso de máscara, isolamento, distanciamento, e 50,5% dizem que, em nenhuma delas, há adesão suficiente.

Vírus fake news

Além de todos esses problemas e deficiências, a assistência é impactada por recorrentes fake news e informações sem comprovação científica.

Somam mais de 9 entre 10 (91,6% dos pesquisados) os que citam interferência negativa das notícias falsas, como o descrédito da Ciência, a dificuldade de os pacientes aceitarem as decisões dos profissionais de Saúde, o desprezo às medidas de isolamento e pressão para que sejam receitados medicamentos sem comprovação científica de eficácia.

Médicos exaustos e sobrecarregados

Naturalmente, há agravantes que se explicam pelo próprio cenário no qual os médicos atuam e relatam no levantamento. Um deles é que a síndrome de Burnout ameaça a linha de frente. Hoje, a percepção é de profissionais exaustos física e emocionalmente, estressados e ansiosos.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

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