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Vacinação contra a covid-19: Ex-coordenadora do PNI critica lentidão no Brasil e sugere pré-cadastro

Vacinação contra a covid-19 no Brasil teve início no dia 17 de janeiro

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 08/02/2021 às 10:55
Tânia Rêgo/Agência Brasil
FOTO: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A epidemiologista e ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunização (PNI), Carla Domingues, afirmou que o Brasil precisa pensar em outras estratégias para acelerar o ritmo da vacinação contra a covid-19 no país. A especialista criticou, em entrevista à Rádio Jornal, nesta segunda-feira (8), a lentidão no processo.

Especialistas consideram que para garantir uma imunização segura da população e controlar a pandemia da covid-19 é preciso atingir 70% da população vacinada. Até o momento, no entanto, o Brasil imunizou cerca 3,4 milhões de pessoas, o que corresponde a apenas 1,6% de sua população de cerca de 210 milhões. Os números são do Our World in Data, plataforma da Universidade de Oxford.

Segundo matéria do Jornal O Globo, se mantiver o ritmo atual de vacinação, Brasil só conseguirá imunizar 70% de sua população contra a Covid-19 em 2024.

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“Para se ter ideia, na campanha de vacinação contra a gripe, todos os anos, o Brasil vacina em torno de 1 milhão de pessoas [por dia]. Nessa velocidade que estamos agora, estamos vacinando em torno de 300 mil. É muito baixo se a gente pensar que tem que vacinar o maior número de pessoas. É preciso lançar outras estratégias. Em outros momentos já foram usados as Forças Armadas, estudantes de enfermagem e medicina para ter mais gente fazendo essa vacinação. Acredito que o caminho é acelerar o ritmo da vacinação, que está muito lento no Brasil”, destacou a epidemiologista.

Pré-cadastro nas próximas etapas da vacinação

Na avaliação de Carla Domingues, realizar o pré-cadastro das pessoas antes delas serem imunizadas agilizaria o processo. “Nessa campanha, é preciso fazer o registro nominal das pessoas - pegar nome, endereço, número do CPF, o número da dose que tomou - para depois agendar a segunda dose. Isso, com certeza, é um processo complexo, que não era utilizado em outras campanhas. Como vamos evitar isso nas próximas etapas? É fazer pré-cadastro para todo mundo já chegar cadastrado e a velocidade da vacinação se impor. Agora, se a gente tiver que fazer o cadastro da população no momento da vacinação a gente vai continuar tendo essa morosidade no processo de vacinação”, comentou.

Imunizar pessoas mais jovens é uma boa estratégia?

Segundo a especialista, neste momento, pensar em imunizar as pessoas mais jovens não é uma boa estratégia. “Não há evidência de que essas vacinas protegem contra a infecção. Ou seja, ‘eu vou tomar a vacina e não vou transmitir para outra pessoa porque vou estar protegida contra a infecção’. O que nós temos de dados, neste momento, é de que essas vacinas vão proteger contra a doença. Quer dizer, você pode se infectar, mas não vai adoecer. E mesmo aquela porcentagem que pode adoecer a vacina vai evitar casos graves e óbitos, que é exatamente o que a gente quer evitar, o esgotamento dos serviços de saúde”, explicou. “O correto é exatamente vacinar a população que tem risco de adoecer, ter complicações e vir a óbito. Neste momento, são os idosos e os profissionais de saúde”, explicou.