Especializada na cobertura de assuntos relacionados à área da saúde, a repórter do Jornal do Commercio Cinthya Leite acompanhou o avanço da pandemia do novo coronavírus a partir dos primeiros casos no Brasil. Desde então, ela passou a entrevistar médicos, teve acesso a relatórios epidemiológicos e contou a história de várias vítimas que perderam a luta para a doença. Um ano após o início da disseminação do vírus pelo país, a jornalista foi diagnosticada com covid-19 e, apesar de saber de detalhes que a maioria das pessoas não sabe sobre os bastidores da crise sanitária, ela ainda se surpreendeu com as verdadeiras dificuldades que só quem sente a doença na própria pele pode descobrir.
“Por mais que eu estivesse acompanhando a pandemia, eu não imaginava que a covid fosse tão cruel. Eu tive os primeiros sintomas em 23 de fevereiro. Em 1º de março, precisei ser hospitalizada. Não é só uma dor física, mas também uma dor na alma. A gente não sabe o que vai acontecer minutos depois. E acho que pelo fato de cobrir bastante a doença há muito tempo, eu sabia que ela poderia ter um desfecho muito trágico”, recordou Cinthya, ao participar do Passando a Limpo, da Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (19).
Internada em um hospital particular do Recife, Cinthya sentiu angústia, solidão e medo. “O que me deixou muito angustiada, é que para eu ir ao banheiro, com menos de 2 metros de distância, eu cansava muito. Eu tinha muito medo de não voltar para a rotina”, disse a repórter, que teve bastante fadiga e dor muscular. No tratamento, recebeu altas doses de corticoide e precisou ter forças para resistir ao desconforto de uma máscara de ventilação não invasiva.
Na maior parte do tempo de internação, a repórter ficou deitada de bruços - ou "posição prona" como chamam os médicos - uma forma de aproveitar melhor a expansão dos pulmões. Na cama do hospital, as memórias da família deixaram a jornalista preocupada. “A covid é também uma doença da solidão. Teve uma hora que eu pedi ajuda de psicólogo, porque a gente não sabe, passavam muitas minhocas na cabeça. Tenho um filho, meu marido, meus pais, e eu não sabia o que iria acontecer comigo horas depois”, recordou Cinthya.
Alta médica
De alta médica, a repórter voltou ao trabalho. Como teve comprometimento dos pulmões, ainda está fazendo fisioterapia, mas está bem. No próximo domingo (21), ela mesma vai contar mais detalhes do que viu, ouviu e sentiu como paciente de covid-19 em uma reportagem especial publicada no Jornal do Commercio. Por enquanto, está feliz e grata com a recuperação.
“Eu preciso contar a minha história para que as pessoas acreditem na seriedade desta doença. Hoje, é um marco muito especial para mim. Estou emocionada e muito grata. Grata à Ciência, aos meus familiares, colegas de trabalho e aos meus médicos. Foi graças a eles que eu estou de volta, levando informação que salva vidas, sim. Foi graças à informação, que eu tive o entendimento para procurar atendimento no momento oportuno. Não sei, se eu tivesse procurado o atendimento no dia 2 de março, se eu estaria aqui”, refletiu.