
A confirmação da presença de um caso da variante B.1.617 do novo coronavírus, que nasceu na Índia, no Brasil tem deixado os especialistas em alerta. Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e pós-doutoranda em bioquímica pela UFRGS, que também coordena a Rede Análise Covid-19, a preocupação tem fundamento, já que a cepa indiana tem um alto poder de transmissão.
"Recentemente, ela foi detectada também em Cingapura e no Reio Unido e, nesses locais, foi observado, paralelamente, um crescimento acelerado de números de novos casos. A partir disso, somado com as mutações que ela [a cepa indiana] apresenta, ela pode ter um aumento na transmissibilidade. Esse aumento na transmissibilidade pode ter consequências muito severas, especialmente em locais como o Brasil em que não há uma adesão completa às medidas de enfrentamento (à covid-19)", apontou.
A especialista explicou que mais transmissão implica em mais pessoas doentes, gerando uma procura maior pelo sistema de saúde, mais agravamentos, e, consequentemente, mais óbitos. “O sinal de alerta é imenso, porque ela tem esse potencial em ser mais transmissível”, comentou, alertando para a necessidade de controlar as infecções a fim de evitar o colapso dos sistemas de saúde.
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E as vacinas?
No entanto, Mellanie Fontes-Dutra aponta que os dados apontam a eficácia de algumas vacinas na proteção contra essa variante. “A gente tem alguns dados para a Pfizer, Moderna, Astrazeneca e a Covaxin. A Covaxin é uma vacina de vírus inativado, e mostrou manter uma possível proteção importante contra essa variante. As anteriores que eu citei, apesar de também terem um impacto nos anticorpos neutralizantes, que é uma das partes da resposta imunológica, também parecem manter um nível adequado que poderia sugerir manter essa proteção”, explicou.
A coordenadora da Rede Análise Covid-19 reforça a necessidade de manter corretamente todos os cuidados de prevenção contra a doença, como uso correto da máscara, cobrindo nariz e boca, higienização constante das mãos e distanciamento social.
No Brasil, das vacinas citadas pela especialista, apenas a AstraZeneca e a da Pfizer estão sendo aplicadas pelo Programa Nacional de Imunização.