VÍTIMA DE PROTESTO

Jovem baleado no olho por PMs em protesto no Recife recebe alta, mas perda de visão é irreversível

Jonas Correia de França perdeu a visão do olho direito, que foi atingido por disparo de bala de borracha feito por policial em protesto no Recife

Atualizada às 16h39
Atualizada às 16h39
Publicado em 04/06/2021 às 16:15
Felipe Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

O arrumador Jonas Correia de França, de 29 anos, recebeu alta médica, nesta sexta-feira (4), e após ser baleado no olho por um policial militar durante protesto no Recife contra o governo Bolsonaro, no sábado (29). A informação foi dada pela Fundação Altino Ventura (FAV), que acompanha a evolução do jovem.

Segundo a instituição, "quanto ao dano causado à visão, apesar de todos os esforços dos oftalmologistas da FAV, não pode ser revertido", conforme o próprio Jonas havia revelado à reportagem do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC).

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Veja a nota:

O paciente Jonas Correia de França retornou à Fundação Altino Ventura, nesta sexta-feira (4), para reavaliação oftalmológica. Após análise dos últimos exames, a equipe médica da Fundação Altino Ventura (FAV) decidiu dar ao paciente alta médica do Hospital da Restauração (pelo menos da área oftalmológica).

Isso porque foi constatada uma melhora importante do edema na região em volta do olho direito; o sangramento intraocular também está sendo contido. Porém, um acompanhamento será feito semanalmente na Fundação, até que a lesão ocular esteja completamente sanada.

Os últimos exames de ressonância magnética mostraram cortes internos no globo ocular, mas, esteticamente e externamente, o globo está íntegro. Portanto, a decisão da equipe médica é de não fazer no olho lesionado nenhum
procedimento cirúrgico. Quanto ao dano causado à visão, apesar de todos os esforços dos oftalmologistas da FAV, não pode ser revertido.

Violência policial no dia 29 de maio

No último sábado (29), manifestantes ocuparam as ruas do Recife para protestar contra o governo Bolsonaro. A manifestação ocorria de forma pacífica, mas policiais militares do Batalhão de Choque usaram spray de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão.

O adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, 29, foram atingidos no rosto por balas de borracha disparadas por policiais militares. Ambos tiveram lesões permanentes. Daniel, no olho esquerdo, e Jonas, no olho direito. Os dois seguem internados no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, na área central da capital pernambucana.

Tanto Daniel Campelo quanto Jonas Correia não participavam do ato, mas foram atingidos quando passavam pelo Centro do Recife.

Além deles, outras pessoas também ficaram feridas no ato, foi o caso da vereadora Liane Cirne Lins (PT). De dentro da viatura, policiais dispararam spray de pimenta no rosto da vereadora, que, sob o efeito do gás, caiu no chão após a agressão. Ela prestou uma queixa crime contra os policiais.