A procura por um carro popular com preço acessível tem sido um desafio para condutores. Especialistas apontam que De acordo com a KBB Brasil, o preço médio dos dez carros mais vendidos do Brasil atualmente é 189,6% maior do que uma década atrás. Segundo matéria de Edilson Vieira, titular da coluna Consumidor, do Jornal do Commercio, a inflação oficial acumulada no mesmo período foi de aproximadamente 76,7%.
De acordo com a publicação, a alta dos carros 0 km é motivada, entre outros motivos, pela falta do produto no mercado. A Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea) mostra que, este ano, a falta de componentes eletrônicos reduziu a produção em 300 mil veículos no primeiro semestre (22%), se comparado ao mesmo período de 2019 (antes da pandemia), ocasionando a falta de carros em estoques nas lojas e o aumento na espera para receber o carro novo, que pode chegar a seis meses. A alta demanda puxou os preços para cima. A média de reajuste dos 10 carros mais baratos do país foi de 11% nos seis primeiros meses de 2021.
Outra mudança determinante que colaborou para a valorização do carro novo foi a preferência dos compradores por modelos maiores e mais robustos. De acordo com o ranking dos modelos mais vendidos da Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias, em 2011, todos os veículos listados da primeira à décima posição pertenciam às categorias compactas de entrada (hatch ou sedã).
Atualmente o cenário é outro. Dos 10 carros mais vendidos em agosto, cinco eram SUVs, veículos utilitários com preços a partir de R$ 100 mil. O VW Gol, que liderou esse ranking por 27 anos, hoje aparece em décimo lugar.
Veja abaixo a lista dos carros mais vendidos há dez anos e atualmente:
Preço médio R$ 33.327
Preço médio R$ 96.528
Ao colunista Edilson Vieira, o consultor automotivo Alexandre Costa, diretor da Alpha Consultoria, avaliou que o fim do carro popular já foi decretado. Ele aponta o que levou ao motivo. "Se a gente pensar como o carro popular era no início, eram modelos muito básicos. O Fiat Uno dos anos 90 não tinha nem espelho retrovisor do lado direito e nem encosto de cabeça nos bancos. Por conta da legislação que obriga as fábricas produzirem carros mais seguros, hoje eles contam com airbags e freios eletrônicos antitravamento. Até 2024,todos os carros produzidos aqui terão que incorporar o controle eletrônico de estabilidade, isso é mais custo. Hoje, mesmo que o mercado ofereça carros sem ar condicionado, qual pessoa física vai fazer tal escolha? o modelo básico mais barato é vendido para empresas", afirmou.
Para Alexandre Costa, que também é especialista em análise de mercado, existe outro motivo para o carro no Brasil ser tão caro. "A carga tributária da indústria automotiva é alta? Sim, é. Mas enquanto houver consumidores dispostos a pagar caro por um carro novo, o preço vai continuar elevado", disse.
O especialista ainda revelou que a indústria automotiva mudou com a pandemia e com a dificuldade imposta pelo mercado, é mais vantajoso produzir carros com alto valor agregado. "Por que gastar energia produzindo modelos menores e mais simples se é possível produzir menos unidades de carros maiores, mais sofisticados e mais caros? A Jeep, por exemplo, é um sucesso de vendas com carros que custam a partir de R$ 93 mil e chegam a quase R$ 300 mil", finalizou.
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