Os dados são aflitivos. Pelo menos 20 milhões de brasileiros disseram passar mais de 24 horas sem ter o que comer em alguns dias. Além disso, quase 25 milhões declararam não ter certeza de como será a alimentação no dia a dia e já reduziram quantidade e/ou qualidade da alimentação. Os dados são da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) e foram divulgados pelo jornal Folha de São Paulo nesta quarta-feira (13).
A pesquisa foi realizada em 1.662 domicílios urbanos e 518 rurais, no final do ano passado, antes do aumento da inflação dos últimos meses. Portanto, é possível que, agora em outubro de 2021, a situação esteja ainda pior. Segundo a reportagem da Folha, o IBGE apontou que a fome no Brasil caia desde 2004, mas voltou a crescer a partir de 2014.
“Antes mesmo da pesquisa, esperávamos o agravamento do quadro. Mas não que fosse tão profundo”, disse Renato Mafuf, coordenador da Rede Penssan, à Folha.
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Tributação
"A tributação sobre o consumo é uma das mais injustas, porque os pobres consomem toda a sua renda no dia a dia. Temos que modificar isso, para que os mais ricos contribuam mais via Imposto de Renda”, afirmou Daniel Balaban, do United Nations World Food Programme (programa mundial de alimentos da ONU). "Quando defendemos isso, não queremos que todos sejam iguais, mas que ninguém morra de fome", concluiu.