DESPEDIDA

Jornalista e esposa de Francisco José, Beatriz Castro publica mensagem após repórter ser dispensado pela Globo

Globo dispensou os experientes jornalistas Francisco José e Renato Machado

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 29/11/2021 às 15:15 | Atualizado em 30/11/2021 às 15:08
Notícia
Divulgação/ Globo
Francisco José e Beatriz Castro são casados e já compartilharam diversas reportagens especiais - FOTO: Divulgação/ Globo

A jornalista da Rede Globo Beatriz Castro, que também é esposa do repórter Francisco José, publicou uma mensagem sobre a saída do companheiro da emissora. O anúncio da saída de "Chico" José da empresa foi feito nesta segunda-feira (29)

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Além dele, a Globo também encerrou o contrato com outra lenda do jornalismo, Renato Machado. Os dois estavam atuando no Globo Repórter e foram funcionários da emissora por mais de 40 anos. 

"Quanto carinho, quanto reconhecimento! a despedida do Chico é intensa e cheia de reconhecimento. Que carreira incrível ele construiu. Único. Lenda. Inigualável. Nossa família é só gratidão e orgulho. Que venham os novos tempos!!!", publicou. 

Veja a publicação: 

    

Sobre a saída da Globo

A saída de Francisco José e Renato Machado foi motivada pela nova política da emissora, que tem renovado seus quadros de funcionários. Com isso, a Globo decidiu abrir mão de repórteres mais experientes. 

Segundo o site Notícias da TV, o diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, enviou e-mail para se despedir de Francisco José e Renato Machado. 

Leia o e-mail para Francisco José: 

"Chico José, cearense de Crato, começou a trabalhar como jornalista em 1966 no Jornal do Commercio do Recife, antes mesmo de a profissão ser regulamentada, como ele gosta de frisar. Pelo jornal, Chico cobriu duas Copas do Mundo e chamou atenção de Armando Nogueira, que o convidou para ser repórter e apresentador do Globo Esporte. O programa começaria a ser exibido na capital pernambucana. Depois de estrear em frente às câmeras, em 1975, achou que a TV não era para ele


Chico estava enganado.

Há 46 anos, vem fazendo uma carreira brilhante na Globo. Ao longo de sua trajetória, pelo Esporte, Chico participou de quatro Copas do Mundo e duas Olimpíadas. No Jornalismo, coleciona histórias inesquecíveis: foi o primeiro repórter do Nordeste a aparecer no JN, mergulhou ao vivo na Baía de Guanabara durante a Rio-92 (um feito inédito e antológico), cobriu a Guerra das Malvinas (quando chegou a ser expulso pelo militares), acompanhou dezenas de apresentações do Galo da Madrugada, mostrou ao Brasil a importância das festas de São João, acompanhou o Papa João Paulo II na Coreia, revelou ao país as primeiras imagens do naufrágio do Bateau Mouche, e alcançou a impressionante marca de 103 edições do Globo Repórter... Sim, não é erro de digitação: são 103 programas com reportagens dele, um feito. Esses são apenas alguns dos muitos momentos em que Chico deixou sua marca.

Aliás, foi no Globo Repórter que ele mostrou seu lado aventureiro. Pulou de bungee jump, mergulhou com tubarões, seguiu onças na Amazônia, mostrou a vida selvagem na África do Sul e os tesouros do Caribe, encarou elefantes marinhos na Patagônia e muito mais. Foi ao Polo Norte e ao Polo Sul. Em 2013, Chico foi finalista do Emmy com um Globo Repórter sobre a rotina e os rituais dos índios Enawenê-Nawê, na Amazônia.

Mas nada representa mais Chico José do que sua identificação com o Nordeste. É um apaixonado. Durante 10 anos, fez coberturas da seca e da miséria que assolavam o sertão nordestino. Em 2008, percorreu seis capitais para mostrar, ao vivo, o São João no Jornal Nacional. Por 15 anos, ao lado de Beatriz Castro, apresentou e fez reportagens no programa local de meio ambiente Nordeste Viver e Preservar.

Recebeu vários prêmios, inúmeras homenagens e títulos – entre eles o de Cidadão Pernambucano. Convidado para ser correspondente internacional, nunca quis. Costuma dizer que não troca o Nordeste por nenhum outro lugar do mundo. Mas tem no currículo reportagens feitas em todos os continentes. Tem um jeito único de fazer reportagem: envolvente, cativante, leva o espectador para onde ele está. Com palavras precisas, com cenas que marcam.

Eu o conheci pessoalmente ao chegar à Globo, numa visita que fiz ao Recife. Depois dos afazeres na redação, aceitei o convite dele para almoçar. Andando pelas ruas, pude comprovar o quanto é querido, tratado como família pelos pernambucanos, carinho puro, que ele retribui. Uma conversa com ele nunca é curta e é sempre prazerosa. Num de nossos encontros mais recentes, tínhamos uma agenda breve, mas quando nos despedimos já havia se passado uma hora. Conversamos sobre a profissão, o fazer jornalístico, a vida. Chico é um baú de boas histórias e um observador agudo. Jo Mazarollo me disse dele: “Adora contar histórias. As histórias das reportagens e as histórias que surgem enquanto está fazendo as reportagens”. É verdade.

Há três anos, começamos a conversar mais detidamente sobre este movimento que se conclui hoje. Primeiramente, deixou o dia a dia para se dedicar aos projetos que tinha no Globo Repórter. Para a nossa alegria e satisfação do público, fez o que planejou. Em outubro, partiu para o Atol das Rocas, período mais propício para realizar a reportagem há muito sonhada. O resultado, como sempre, superou todas as melhores expectativas. Ao dar o ponto final no texto, ao pronunciar as últimas palavras do programa, encerrou com chave de ouro esses 46 anos de Globo. O resultado vai ao ar em 25 de março do ano que vem. Como planejado.

Eu agradeço ao Chico José, cearense do Crato, cidadão de Pernambuco, jornalista do Brasil, por todo o legado que nos deixa e por tudo o que fez pelo nosso jornalismo. Em meu nome, no nome da Globo e no de seus colegas". 

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