AFASTAMENTO

Acusado de agressões contra ex-mulher, secretário Pedro Eurico pede afastamento do cargo

Ex-secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco nega acusações da ex-mulher, que afirma ser vítima de violência há mais de 20 anos

Rádio Jornal
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Publicado em 07/12/2021 às 21:06
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Heudes Régis/SEI
Pedro Eurico pediu afastamento da secretária de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco após denúncia da ex-mulher - FOTO: Heudes Régis/SEI

Com informações de Raphael Guerra

Após vir à tona uma denúncia feita pela ex-mulher, a economista Maria Eduarda Marques de Carvalho, que disse ser vítima de violência doméstica desde o ano 2000, o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, anunciou na noite desta terça-feira (07) que pediu afastamento do cargo.

Segundo a ex-esposa do secretário, que concedeu entrevista à TV Jornal, ela teria feito dez boletins de ocorrência contra Pedro Eurico ao longo desse período. Segundo O relacionamento do casal foi conturbado e marcado por agressões constantes e até ameaças de morte. "Sempre acreditei que Pedro Eurico iria cumprir com o que me dizia: não ser mais violento, não ser agressivo. Mas era tapa, murro, chute...", afirmou Maria Eduarda.

O primeiro boletim de ocorrência foi registrado ainda na fase em que os dois namoravam, em 2000, na Delegacia da Mulher, na área central do Recife. Exames de corpo de delito, no Instituto de Medicina Legal (IML), confirmaram as agressões físicas. Mas, anos depois, as práticas agressivas continuaram. "Ele passou a me seguir, a mandar recados, ameaças. Fui levar minha mãe ao mercado, quando parei em frente à igreja, dois motoqueiros desceram, começaram a bater violentamente no meu carro, disseram que aquilo era um recado dele. Ele ameaçava, sempre dizendo que as coisas iam acontecer comigo e ninguém ia desconfiar. Sempre dizendo que ia parecer um acidente", revelou.

Em 2003, com promessas de mudanças, os dois se casaram. Mas não durou muito. Em 2006 já houve a separação. "Pedi pra me separar, consegui sair de casa. Como as ameaças continuaram, fui morar em São Paulo. E fiquei separada morando em São Paulo dois ou três anos. Ele foi novamente insistir, pedir perdão, disse que nada ia mais acontecer. Voltei para o Recife e reatamos em 2008", contou Maria Eduarda Marques. "Cheguei a sair do País. Mas, em 2012, precisei voltar, e casamos novamente. Era uma coisa tão terrível. Ameaças tão fortes, não sabia mais o que fazer", complementou.

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De acordo com a economista, em janeiro deste ano, ocorreu a última agressão física. "Decidi: agora não dá mais. Ele passou a semana inteira batendo porta, gritando, dizendo que não ia mais aguentar esse relacionamento. Uma madrugada, ele acordou e mandou eu sair de casa. Peguei minha bolsa e sai de casa", descreveu.

Maria Eduarda Marques de Carvalho voltou a procurar a polícia para registrar outra queixa, em 1º de novembro deste ano. Segundo ela, teria informado às autoridades que o ex-marido teria tentado invadir a residência onde ela estava morando, em Olinda. No dia seguinte, ela conseguiu uma medida protetiva expedida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Mas, segundo ela, cinco dias depois ele teria descumprido e tentado ir até o apartamento.

NOTA DIVULGADA PELO EX-SECRETÁRIO PEDRO EURICO

"As denúncias improcedentes de agressão datam de mais de 10 anos e muitas destas foram retiradas pela suposta vítima perante a Justiça. Estivemos casados inicialmente, no período de 27 de setembro de 2003 e nos divorciamos em 30 de abril de 2008. Ao longo dos últimos anos de convivência e de um novo casamento, realizado em 2012, cujo divórcio aconteceu em 08 de novembro deste ano, inexistem denúncias apresentadas pela senhora Maria Eduarda, causando estranheza o requerimento de medida protetiva justamente no período em que se discutia a possibilidade de uma dissolução consensual. Foge à realidade a acusação de tentativa de invasão do imóvel recentemente adquirido, haja vista que fui o responsável pelo pagamento da reforma do imóvel concluída exatos três dias antes da apresentação da denúncia perante a Polícia Civil do Estado e compareci ao apartamento inabitado para verificar a conclusão dos serviços. Nesta data, fui impedido de entrar no apartamento por minha ex-esposa devido a troca das fechaduras numa patente manobra patrimonial. Lamentamos as inverdades envolvendo minha vida pessoal, e exposição na imprensa em uma sórdida trama de interesse patrimonial. Diante desses fatos, decido me afastar do comando da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos buscando preservar a instituição e me dedicar à minha defesa e ao devido esclarecimento dos fatos, junto às autoridades competentes."

 

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