Grande Recife

CHUVA: Tragédia de 2022 já é o maior desastre do século XXI no Grande Recife

Expectativa é que tragédia de 2022 também supere número de mortos da grande cheia de 1975, quando 107 pessoas morreram

Gabriel dos Santos
Gabriel dos Santos
Publicado em 30/05/2022 às 12:25 | Atualizado em 30/05/2022 às 12:45
Notícia
DIEGO NIGRO/AFP
PREVENÇÃO Tecnologia deve ajudar, principalmente, as pessoas que vivem em áreas de morro - FOTO: DIEGO NIGRO/AFP

O Grande Recife revive, neste maio de 2022, uma dor semelhante aquela que só povoava o coração de alguns moradores mais antigos e o imaginário dos mais jovens. Com 91 mortos, em decorrência da ausência de estrutura da região metropolitana para receber grandes volumes de chuva, já vivemos o maior desastre do século XXI. E mais: a triste expectativa é a de que o número de vítimas supere o registrado na histórica grande cheia de 1975.

Nas ruas - especialmente, nos bairros mais pobres - o cenário é desolador. Desde a madrugada de sábado (28), moradores e socorristas tentam incansavelmente localizar as vítimas soterradas. Até o final da manhã desta segunda-feira (30), três dias após as chuvas torrenciais, 26 pessoas ainda eram procuradas. Todas embaixo da lama dos bairros onde moravam.

Pela experiência de casos semelhantes, especialistas afirmam que é muito pouco provável encontrar vítimas vivas embaixo dos escombros, neste momento. Por essa razão, somando os 91 mortos, já oficialmente registrados, com os corpos que devem ser encontrados nas próximas horas ou dias, o número total de óbitos deve superar os 107 contabilizados na cheia de 1975

TRAGÉDIA

Nesta temporada de chuvas, o Grande Recife enfrenta problemas desde quarta-feira (25). Naquele dia, choveu muito e cinco pessoas morreram em decorrência dos transtornos no temporal. 

Após uma curta trégua, na noite de sexta-feira (27), a chuva voltou muito forte. Choveu bastante por horas à fio. Na manhã do sábado (28), as cidades da Região Metropolitana estavam intransitáveis, com dezenas de ruas alagadas. 

Mais uma vez, houve deslizamentos de terra em morros de comunidades pobres, onde muita gente morreu. A maioria no bairro do Ibura, em trechos que pertencem ao Recife e à cidade de Jaboatão dos Guararapes. O local mais afetado é o Jardim Monte Verde, onde houve o maior número de mortos. Crianças, inclusive, estão entre as vítimas fatais. 

A Prefeitura do Recife decretou somente na noite do sábado Estado de Emergência. Pelo menos 400 profissionais da Defesa Civil atuam na situação, de acordo com a gestão pública da capital. Mais de 3 mil pessoas teriam sido acolhidas em abrigos temporários.

As autoridades locais pedem que pessoas que moram em locais de risco deixem sua casa em busca de local seguro.

.

Ruas alagadas

Além das mortes e dos desabrigados, outra face da falta de estrutura das cidades da Região Metropolitana do Recife em dias de chuva são os cenários de alagamentos que voltaram a aparecer.

Muitos motoristas que tentaram enfrentar os pontos de alagamentos acabaram ficando parados no meio da água. Na Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais do Recife, o canal transbordou e tomou conta da via por onde os carros passam.

Os alagamentos impossibilitaram que os moradores saíssem de casa. Prejuízo também para o comércio. Muitos estabelecimentos não abriram e os consumidores não chegaram às lojas que se esforçaram para funcionar.

Na manhã desta segunda-feira, a maioria das ruas já está sem alagamentos, mas motoristas devem ficar atentos a alguns pontos que ainda apresentam acúmulo de água. 

RELEMBRE A CHEIA DE 1975

Entre os dias 17 e 18 de julho daquele ano, a cidade foi tomada por uma série de problemas, a partir do transbordamento do Rio Capibaribe, que corta a capital. Naquele ano, o problema se concentrou prioritariamente na cidade do Recife.

Os documentos oficiais calculam que 107 pessoas morreram em 1975 vítimas daquela cheia. Há registros de afogamentos, ataques cardíacos (em meio ao pânico que se instalou nos bairros) e mortes naturais - em decorrência da ingestão de água contaminada. 

Comentários