Ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, Milton Ribeiro foi preso na manhã desta quarta-feira (22). Com uma passagem pelo Ministério da Educação recheada de polêmicas, Ribeiro é alvo em um processo que investiga um possível caso de corrupção dentro da pasta na qual ele era chefe e que envolvia pastores ligados aos Bolsonaro.
ENTENDA A INVESTIGAÇÃO
De acordo com as investigações, Milton Ribeiro e os pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura são suspeitos de comandar um gabinete paralelo, que favorecia alguns municípios do país com verbas provenientes da Educação.
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A suspeita é de que havia pagamento de propina para que as autoridades liberassem as verbas para algumas cidades específicas. Milton é investigado pelas supostas práticas dos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
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Um áudio obtido e divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, no último mês de março, registra o momento no qual Milton Ribeiro disse, durante uma reunião com prefeitos, que repassava verbas a municípios indicados pelos pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", disse o ministro durante a entrevista.
"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", detalhou Milton Ribeiro.
Depois da divulgação dos áudios pela Folha, Milton Ribeiro negou que Bolsonaro tenha feito o pedido. No entanto, a situação ficou insustentável e Milton deixou o cargo que ocupava no Ministério da Educação.
Pedido de dinheiro e ouro
No correr das investigações, vários prefeitos denunciaram terem sido procurados pelos pastores. Segundo as denúncias dos gestores municipais, os suspeitos pediam dinheiro em troca da liberação de recursos para a área de educação.
O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manoel de Souza (PP), por exemplo, disse que o pastor Arilton Moura pediu R$ 40 mil de propina para enviar recursos do Ministério da Educação para o município paulista.
"Ele [Arilton] falou: 'prefeito, você sabe como as coisas funcionam, não dá pra ajudar todas as cidades, mas eu posso ajudar seu município'. Perguntei como e ele [Arilton] disse que era com uma escola profissionalizante. Respondi que isso não era uma necessidade do município e ele disse: ‘olha prefeito, eu consigo fazer um papel, um ofício agora, te libero a escola, mas em contrapartida você precisa depositar R$ 40 mil na conta da igreja evangélica'. Eu levantei, bati no ombro dele e falei ‘muito obrigado, pastor. Pra mim, dessa forma, não serve!’”, contou o prefeito.
De acordo com reportagem do G1, o prefeito Kelton Pinheiro (Cidadania), da cidade goiana de Bonfinópolis (GO), disse que Arilton pediu R$ 15 mil de propina para que o dinheiro chegasse a Bonfinópolis.
OURO
No Maranhão, o prefeito do município de Luís Domingues, Gilberto Braga (PSDB), disse em entrevista ao O Estado de São Paulo que Arilton pediu ouro em troca dos repasses.
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