Repórteres e produtores da TV Gazeta, uma das emissoras de televisão mais tradicionais de São Paulo, acusam a gerente do Departamento de Esportes da empresa, Michelle Giannella, de pedir que as profissionais enviem fotos sensuais para atletas em troca de reportagens e entrevistas.
As acusações foram descobertas pelo portal UOL. A reportagem ouviu duas ex-funcionárias que afirmam ter recebido os pedidos, além de cinco pessoas que garantem ter presenciado as reuniões comandadas por Michelle Gianella.
"Já vivi muito machismo na Gazeta, e entrava na brincadeira para conseguir espaço. Foi melhorando, e, quando finalmente já estava fora de moda esse tipo de coisa, tive que ouvir um absurdo desse de uma mulher. Ela falava com sorriso no rosto. Me senti uma incompetente que só conseguiria trabalhar se mostrasse o corpo", disse uma das mulheres. Nenhuma das duas cumpriu a ordem de enviar os nudes.
Segundo a apuração do UOL, além de atletas, a indicação era de que as fotos eróticas também fossem enviadas a assessores de imprensa - profissionais que trabalham em grandes empresas e que fazem a intermediação entre os veículos de comunicação e os entrevistados, nesse caso jogadores de futebol, por exemplo.
O repórter Guilherme Camarda, que trabalhou na Gazeta entre 2010 e 2022, foi uma das fontes do UOL que disse ter estado presente na reunião e ouvido a indicação dada pela chefe do departamento.
"Ela disse para a jornalista enviar uma foto de biquíni para conseguir entrevista. E o mais inacreditável é que ela fala na frente de todo mundo, como se fosse natural", disse o profissional.
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OUTRAS ACUSAÇÕES CONTRA CHEFE
UOL também ouviu relatos de outras irregularidades que seriam cometidas por Michelle Giannella. Em uma ocasião, um profissional que afirma ter desenvolvido depressão por causa da relação abusiva com a chefe foi demitido, mesmo com o exame demissional indicando a doença.
Procurado pela reportagem do UOL, o comentarista Celso Cardoso, que trabalha com Michelle, preferiu não se pronunciar. Chico Lang, outro comentarista esportivo da Gazeta, disse à reportagem que as acusações não procedem e defendeu a colega de trabalho.
O que Michelle diz sobre as acusações?
Michelle negou todas as acusações. "Isso não existe, isso é mentira. Eu sou mulher, eu estou há 24 anos neste trabalho e eu nunca usei o meu corpo pra me expor ou pra eu conseguir alguma coisa com algum atleta. E falar para uma mulher mandar foto de biquíni para um assessor? Pelo amor de Deus, gente, não tem isso", afirmou.
Sobre a acusação de ter demitido um funcionário com depressão, Michelle diz não lembrar do ocorrido. Ela é gerente desde 2019 e também apresenta alguns programas esportivos da empresa.
Na entrevista ao UOL, Michelle diz que é vítima de um complô de funcionários que não aceitaram demissões.
"Estou galgando posições no meu trabalho. Sou uma pessoa —por Deus que está me ouvindo—, sou falha, sou mãe, erro pra caramba, mas busco muito melhorar como ser humano. A coisa de que mais gosto é ter um bom ambiente de trabalho. Ganhei uma mesa de futebol de botão para os meus filhos e levei essa mesa para a nossa redação, para as pessoas brincarem, porque eu gosto de ter um ambiente legal", afirmou.
As ex-funcionárias afirmaram ao UOL que denunciaram Michelle à empresa, mas o RH da Gazeta nega os casos.
"São infundadas as acusações de assédio moral no departamento de esportes. Não há registros internos e no âmbito jurídico sobre o tema, que chegaram ao nosso conhecimento apenas por intermédio da imprensa. No entanto, com base nessas sinalizações, informamos que a gestão de pessoal do departamento de esportes está sendo acompanhada de perto com o objetivo de garantir a manutenção do bom ambiente profissional da equipe", disse a Gazeta em nota.
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