CORTES

Governo Bolsonaro reduz verba do tratamento de aids para proteção do orçamento secreto em 2023

Somadas, as perdas de recursos de todos os programas afetados chegam a R$ 3,3 bilhões

Vitória Floro
Vitória Floro
Publicado em 07/10/2022 às 11:35 | Atualizado em 07/10/2022 às 12:00
Notícia
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
12 programas do Ministério da Saúde vão ser afetados com a redução da verba - FOTO: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Para continuar com o orçamento secreto, em busca de maior amplitude nos apoios políticos, o governo de Jair Bolsonaro (PL), prevê um corte de verbas milionário em 12 programas do Ministério da Saúde.

A medida, que pretende auxiliar a reserva de fundos para o orçamento secreto em 2023, atingiu o programa de distribuição de medicamentos para o tratamento de aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais.

Apenas nesta frente, o ministério perdeu R$ 407 milhões, em comparação as verbas propostas para 2022 e o ano seguinte. 

Somadas, as perdas de recursos de todos os programas afetados chegam a R$ 3,3 bilhões, revela o Boletim de Monitoramento do Orçamento da Saúde, preparado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e da associação filantrópica Umane.

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A pesquisa realizou uma análise das 12 rubricas, comprando os projetos de Lei Orçamentária Anual enviados pelo governo para 2022 e para 2023.

Nas observações, foram levadas em consideração a correção da inflação por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulado até julho.

O ainda documento destaca que os cortes podem gerar "agravos e ações fundamentais do Sistema Único de Saúde".

Além dos cortes relacionados aos programas de prevenção e tratamento de doenças, a diminuição das verbas também afeta o custeio de bolsas para residentes em medicina, no “Pró-Residência Médica e em Área Multiprofissional”, por exemplo, o impacto foi de R$ 922 milhões. 

Sem o veto do dispositivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que obrigava a retenção de R$ 19,4 bilhões para emendas do orçamento secreto – manejadas pelo governo Federal como barganha política com deputados e senadores - o governo estabeleceu um corte sequencial de 60% nas despesas de saúde.

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CORTE NOS PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA AIDS

O “Atendimento à População para Prevenção, Controle e Tratamento de HIV/AIDS, outras Infecções Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais Total” faz parte da assistência farmacêutica no SUS. 

As verbas são direcionadas para a compra, produção e distribuição de medicamentos voltados para o tratamento de pessoas com HIV, com antirretrovirais, e outras doenças.

É importante ressaltar que o Brasil nunca conseguiu acabar com a epidemia causada pelo HIV desde 1980. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico Especial HIV/Aids de 2021, apenas em 2020, 10.417 pessoas morreram da doença e o número total de vítimas chegou a 291.695.

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