Pelo 14º ano seguido, o Brasil ocupou, em 2022, a terrível posição de país onde mais transgêneros foram assassinados no mundo. No total, 131 pessoas da comunidade trans perderam suas vidas de forma violenta.
De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 130 mulheres trans ou travestis foram mortas. Um homem trans também perdeu a vida.
A vítima mais jovem tinha somente 15 anos e foi morta em Natal, no Rio Grande do Norte. O corpo foi encontrado decapitado e sem dois dedos das mãos.
A maioria das vítimas é mulher trans ou travesti, preta e que trabalha com prostituição. Como no caso potiguar, em 65% dos casos, a morte teve requintes de crueldade.
O estado de Pernambuco é o mais perigoso para a comunidade Trans, com um total de 13 assassinatos. O ranking sangrento segue com São Paulo e Ceará, tendo cada um deles registrado 11 homicídios contra transgêneros em 2022.
Cidades do interior são as mais hostis para trans
Em 64% das ocorrências, os assassinatos de trans foram cometidos em cidades do interior do Brasil. Em 61%, locais públicos foram o palco do horror.
Paulinha, de 31 anos, é um dos rostos que retratam o grave cenário vivido por pessoas trans no país. Ela foi morta com pedradas e facadas na cidade de Timon, no interior do Maranhão.
O corpo de Paulinha foi encontrado em uma praça pública parcialmente despido, repleto de marcas de violência e com um pedaço de madeira na boca.
Violência contra pessoas trans
Com 131 trans assassinados, o ano de 2022 teve registros acima da média da série histórica iniciada em 2008, que é de 121 assassinatos por ano.
"No contexto geral, não houve qualquer mudança significativa em relação à violência e à subalternização social que pessoas trans ocupam", diz o dossiê da Antra, produzido por Bruna Benevides, secretária de articulação política da associação.
"E estas continuam enfrentando os piores índices de violência e violações de direitos humanos quando comparadas a qualquer outro grupo que enfrenta sistemáticas violências vindas do estado", acrescentou.
Governo Lula promete mudanças
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, recebeu o dossiê e falou sobre a situação. "Se nós não formos capazes, se não tivermos a decência de mudar essa situação, nós nunca seremos um país e nós não mereceremos ser um país. Então, é um compromisso deste governo, que é um governo decente, e de todo e qualquer governo decente, mudar a realidade estampada nesse relatório", disse.
"A gente quer fazer um pacto de que nós, junto com vocês, vamos transformar essa secretaria em ações e entregas importantes para essa população e importante para sociedade brasileira", acrescentou a secretária de Direitos da População LGBTQIA+, Symmy Larrat. Ela é travesti.
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