CRISE YANOMAMI

CRISE YANOMAMI: O que aconteceu com indígenas? Por que crianças Yanomami estão morrendo? Onde fica? Veja resumo e entenda

Indígenas Yanomami estão no centro da maior crise humanitária do Brasil neste século; entre 2019 e 2022, quase 600 crianças morreram - muitas delas vítimas da fome.

Cadastrado por

Gabriel dos Santos

Publicado em 31/01/2023 às 9:01 | Atualizado em 21/09/2023 às 7:37
GARIMPEIROS TERRA YANOMAMI: entenda o que é e os SINTOMAS DE DESNUTRIÇÃO, problema enfrentado pela tribo
GARIMPEIROS TERRA YANOMAMI: entenda o que é e os SINTOMAS DE DESNUTRIÇÃO, problema enfrentado pela tribo - Reprodução/Globo

YANOMAMI - Nos últimos dias, as fotos de crianças e adultos desnutridos e as notícias de centenas de pessoas morrendo de fome chamaram atenção para uma grave crise humanitária que está sendo vivida, hoje em dia, por indígenas Yanomami:

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Nesta reportagem, entenda quem são os indígenas Yanomami e o que os levou a essa grave situação.

Exploração de garimpo ilegal levou fome e desnutrição a crianças Yanomami - Reprodução/Globo

QUEM SÃO OS YANOMAMI E ONDE ELES MORAM?

O povo Yanomami vive na Floresta Amazônica, em um território localizado entre os estados de Roraima e Amazônia e a Venezuela. O local de maior preocupação na atual crise fica localizada no oeste de Roraima.

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No total, a população Yanomami é composta por aproximadamente 30 mil indígenas (entre adultos e crianças) que moram em um conjunto de centenas de aldeias. 

O que aconteceu com os Yanomami? Por que as crianças estão morrendo?

Os Yanomami vivem da agricultura e da pesca na floresta. Nos últimos anos, o garimpo ilegal invadiu as terras do povo Yanomami, causando, entre outros problemas, a contaminação do solo, deixando a terra improdutiva para a agricultura, e dos rios que mata os peixes. Os animais (que serviam de caça) também fugiram das redondezas.

Terras indígenas vêm sofrendo com exploração do garimpo ilegal e do tráfico de madeira, drogas e armas - DIVULGAÇÃO

De acordo com o Ministério Público Federal, nos últimos anos, as terras foram invadidas por aproximadamente 20 mil homens que trabalham no garimpo ilegal.

Especialistas alertam que o homem branco levou a malária para dentro da floresta, o que causou uma epidemia entre os Yanomami. 

Além disso, as pesadas máquinas usadas na exploração de minérios devastam os rios, que ficam sem qualquer chance de gerar vida.

Crianças Yanomami em situação de desnutrição: inaceitável - CONDISI-YY

A atividade do garimpo também provoca problemas de saúde na vida dos Yanomami. Entre as doenças, infecções por mercúrio, graves quadros de diarreia, pneumonia, e a queda de cabelo das crianças. Até a amamentação dos bebês é arriscada, já que a infecção passa de mãe para filho pelo leite materno.

Há relatos ainda de crianças e mulheres estupradas por garimpeiros.

COMO CHEGOU A ESSA SITUAÇÃO?

Órgãos de defesa dos povos originários afirmam que fizeram inúmeras denúncias contra o garimpo ilegal para o governo federal, enquanto Jair Bolsonaro era presidente, mas o poder público não fez nada.

Na verdade, o ex-presidente Bolsonaro se mostrou simpático ao garimpo, chegando até a fazer uma visita a um local de exploração. Em Roraima, nas eleições 2022, garimpeiros fizeram campanha pró-Bolsonaro.

Enquanto presidente, Bolsonaro deu pelo menos duas lavras para exploração de garimpo, por meio da Agência Nacional de Mineração para pessoas ligadas ao garimpo ilegal de minério, segundo apurou a Folha de São Paulo

Reportagem de Sônia Bridi e Paulo Zero, no Fantástico, da TV Globo, mostrou que, em dezembro de 2022, a área atingida pelo garimpo ilegal chegava a 5 mil hectares. É um aumento de 300% em relação ao final de 2018, antes de Bolsonaro assumir a Presidência.

“Durante esses quatro anos, piorou muito as situações graves. Chegou malária, desnutrição do povo Yanomami. E, desde então, o pessoal não recebeu nenhuma ajuda”, disse, em entrevista ao Fantástico, o líder indígena Junior Hekurari.

Mudança no governo Lula

Equipe do Ministério da Saúde em atendimento no primeiro dia (23 de janeiro) da Força Nacional do SUS na comunidade Yanomami, em Boa Vista - IGOR EVANGELISTA/MS

Ao assumir a Presidência e tomar conhecimento das graves denúncias, Lula visitou Roraima para se encontrar com os Yanomami. O presidente decretou estado de emergência e enviou profissionais de saúde para atender os indígenas.

De acordo com o governo, mais de mil indígenas foram resgatados com graves problemas de saúde.

"O cenário que encontramos é de guerra. Hoje nós estamos implantando um hospital de campanha aqui em Boa Vista para resolvermos o problema de assistência dos indígenas que estão alojados na Casa de Apoio e também dando assistência aos indígenas que estão chegando", disse o secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba.

Cestas básicas também estão sendo entregues às famílias que permanecem nas aldeias, enquanto os garimpeiros permanecem trabalhando no local e intimidando indígenas e servidores públicos.

Operações da Polícia Federal e do Ibama estão tentando desarticular os garimpeiros, destruindo, inclusive, aeronaves e máquinas usadas pelos criminosos.

De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o governo deve fazer uma megaoperação para combater o garimpo ilegal.

Nessa segunda-feira (30), o presidente Lula determinou que o tráfego aéreo e fluvial seja cortado na região para dificultar a circulação dos garimpeiros.

"As iniciativas visam combater, o mais rápido possível, o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região impedindo o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos", disse Lula em nota enviada à imprensa.

"Vamos atuar firmemente e o mais rápido possível na assistência de saúde e alimentação ao povo Yanomami e no combate ao garimpo ilegal", acrescentou o presidente nas redes sociais.

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