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Glenn Greenwald e David Miranda foram espionados pela Abin de Bolsonaro, diz PF

O ex-deputado David Miranda e o jornalista Glenn Greenwald foram monitorados ilegalmente pela Abin durante a gestão de Bolsonaro. Os dois fazem parte de uma lista de 1800 telefones espionados entregues pela Abin à Polícia Federal

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Cynara Maíra

Publicado em 24/10/2023 às 6:47
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Depois da operação da Polícia Federal na semana passada, o processo de investigação sobre o monitoramento de celulares pela Agência de Inteligência Brasileira (Abin) está sendo esclarecido aos poucos. Apesar de não ter a lista com todos os telefones espionados, a PF já averiguou algumas pessoas que estavam sendo monitorados irregularmente.

Entre as pessoas monitoradas, a PF cita o jornalista Glenn Greenwald e seu marido, o deputado federal David Miranda que faleceu em maio deste ano. Ambas as figuras eram oposição declarada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), líder do Executivo na época das invasões. 

Glenn e David compõem uma lista com 1800 telefones entregues pela Abin após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As ações são vinculadas com as investigações contra fake news. O ex-deputado federal Jean Wyllys e um homônimo do ministro Alexandre de Moraes também foram divulgados pela polícia como pessoas inseridas na lista.

O que foi apresentado da lista indica que a Abin investigava ilegalmente jornalistas, políticos (principalmente adversários de Bolsonaro) e advogados. Os atos de espionagem são identificados entre 2019 e 2021, durante a gestão de Alexandre Ramagem na Agência, atualmente Ramagem é deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. 

Glenn Greenwald criou o site Intercept Brasil e ficou conhecido como um dos principais responsáveis pela reportagem sobre o caso da Vaza Jato, que apresentou mensagens de celulares hackeados dos investigadores da Lava-Jato. A reportagem contribuiu para que houvesse uma mudança na tese judicial sobre os casos julgados na operação, principalmente aquelas vinculadas com o ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR), incluindo a prisão do presidente Lula (PT). 

David Miranda foi vereador do Rio de Janeiro pelo PSOL, no qual se apontava como o "primeiro vereador assumidamente gay" do local. Em 2019, Miranda assumiu a vaga de Jean Wyllys, quando o deputado desistiu do cargo e viajou ao exterior por conta de ameaças. David faleceu neste ano após sofrer uma infecção generalizada.

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